Fazer Igreja em diferentes línguas

A Festa dos Povos realizou-se, este fim de semana, na Amora, pelo quinto ano. Uma iniciativa que nasceu da vontade do Bairro Quinta da Princesa, de raiz africana, onde a paróquia trabalha liturgicamente e onde existe uma comunidade organizada. A própria comunidade sentiu o desejo de fazer algo mais. Com a ajuda paroquial a Festa concretizou-se. As várias nacionalidades existentes no Bairro deram o cariz multicultural, conferindo à Festa o tema “Muitas riquezas para partilhar”. De ano para ano, esta iniciativa tem-se transformado em festa. “Pouco a pouco a Festa dos Povos tomou proporções maiores”, explica à Agência ECCLESIA o pároco da Igreja da Amora, Pedro Granzotto. Em 2006 a celebração “contou já com o apoio da autarquia”. Uma festa de dois dias que conjugou diversas manifestações culturais e recreativas “onde as pessoas se exprimiram através de cânticos e danças, consoante as suas riquezas”. A própria celebração eucarística, “ponto alto da festa no Domingo”, foi expressão da multiculturalidade. O pároco de Palmela, de origem cabo verdiana, “juntou-se também a nós”. Uma eucaristia animada pela comunidade, com cânticos em crioulo e português. A Festa caminhava para o final e “ainda havia pessoas que queriam exprimir-se e o tempo já escasseava”, recorda o Pe. Pedro Granzotto. As culturas já convivem entre si nos vários bairros da Amora. Vivem lado a lado, “todos falam o português, apesar de manterem também a sua língua de origem”, explica o pároco da Amora. Uma vez que a união já é efectiva no dia a dia, a “Festa dos Povos é apenas sinal do essencial que já existe”. A Amora é uma cidade situada na margem sul do Tejo, onde residem cerca de 70000 habitantes, na sua grande maioria migrantes oriundos de diversas regiões do País, bem como dos Palop, do Brasil e do Leste europeu. A paróquia da Amora tem o cuidado “de acolher toda a gente e de dar espaço, principalmente nos momentos mais marcantes, para que as pessoas se possam exprimir e ter lugar”. A par da Festa dos Povos, há também o dia dos São Tomenses, ou a Festa de Nossa Senhora Aparecida – celebrada pelos brasileiros. Os de origem asiática, de Goa, celebram a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, “um conjunto de iniciativas que procuramos acompanhar pois fazem parte das suas origens e fazêmo-lo de forma a que a paróquia os sinta”, explica o Pe. Pedro Granzotto. Momentos que aproximam diferentes culturas e onde se faz igreja em diferentes linguagens.

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