Voltamos à questão: informar motiva para as causas ou gera saturação e indiferença? Estaremos na eminência desse paradoxo que é saber mais sobre o mundo e mais indiferentes a ele ficarmos? Há palavras e lugares que nos cansam: Iraque, Afeganistão, Sudão, Darfur… E há tantos esquecidos… Como poderemos repousar o olhar num ponto, quando tantos e tão trágicos nos roubam permanentemente o sossego? Sudão, Darfur. Uma guerra civil no coração de África, entre agricultores negros e pastores árabes. Em quatro anos morreram mais de duzentas mil pessoas, dois milhões e meio ficaram deslocadas e quatro milhões carecem de ajuda. Há operações humanitárias montadas no local pela ONU. A matriz do conflito é política pois o governo do Sudão alimenta uma violência implacável de contra-revolta. Isso quer dizer que a comunidade internacional tem de pressionar quem gere a violência e ofende os direitos fundamentais do povo, a vítima primeira e última de todo este morticínio organizado. É aqui que a informação pode acordar para uma acção concreta. Tão importante como motivar o cidadão sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa. A consciência, o debate, a pressão, a intervenção são uma arma pacífica, justa e eficaz num mundo que já tem bons mecanismos internos de promoção de justiça e paz. Por isso saudamos e integramos a iniciativa da Missão Press (imprensa missionária) pedindo a resposta de todos os que acreditam em Deus e no homem. Não acabam aqui as causas humanas. Mas é dever grave dos cidadãos acordar sobre as realidades inquietantes do nosso planeta. E esta é considerada pelas Nações Unidas “uma das piores crises da humanidade”. Com o peso da violência e da morte com que se desenrola não permite que alguém fique tranquilamente adormecido. E na hora em que Portugal assume a Presidência da União Europeia temos, como cidadãos, uma responsabilidade acrescida perante o que se passa no Darfur. Porque temos capacidade de intervir no panorama internacional. Como escreve um missionário do Sul do Sudão “cabe à União Europeia liderar uma ofensiva diplomática que force Cartum a encontrar uma solução política num Acordo Compreensivo de Paz entre as partes envolvidas…” António Rego