Diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações destacou «voz da Igreja» na defesa de quem deixou a sua terra
Fátima, 12 ago 2022 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) disse hoje em Fátima que a “voz da Igreja” se distingue de discursos racistas ou xenófobos.
“Muitas das vozes que ouvimos, de fechar portas, que transformam os migrantes em bodes expiatórios parecem-me vozes de medo e de desconhecimento da realidade”, assinalou Eugénia Quaresma, na conferência de imprensa de apresentação da peregrinação internacional de agosto, dedicada aos migrantes e refugiados.
A responsável católica sustentou que a “experiência no terreno”, junto das comunidades migrantes, mostra que estas chegam “para trabalhar, estudar, cuidar da saúde, não vêm para estragar o país”.
“São irmãos que nos vêm ajudar a arrumar a casa”, acrescentou.
A peregrinação integra o programa da 50.ª Semana Nacional de Migrações, que decorre até domingo, promovida pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, com o tema ‘Juntos construímos um Nós maior: uma só família humana’.
A iniciativa assinala igualmente os 60 anos da Obra Católica Portuguesa das Migrações e aponta à celebração do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, este ano a 25 de setembro.
Para Eugénia Quaresma, o fenómeno migratório é “denúncia de guerras injustas, de abuso de poder, de terrorismo”.
A diretora da OCPM elogiou o esforço da Igreja para educar as novas gerações para a solidariedade, em diálogo com o Estado e a sociedade civil, para “transformar estruturas ao serviço da dignidade humana”.
D. Daniel Batalha, vogal da Comissão Episcopal para a Pastoral da Mobilidade Humana, destacou aos jornalistas a importância do aniversário da OCPM e do acompanhamento de comunidades portuguesas, em vários países.
“É belo vermos também a forma como estes países nos acolheram a nós, como povo imigrante”, realçou.
Não podemos olhar para os migrantes, como muitas vezes se olhar, apenas como uma mão de obra necessária, mas são uma riqueza para nós, para convivermos e partilharmos a vida dessas pessoas que vão chegando”.
D. Edgar da Cunha, religioso brasileiro há 44 anos nos EUA, é bispo de Fall River desde 2014, falando desta diocese como a “décima ilha dos Açores”, pela forte presença da comunidade migrante do arquipélago.
O religioso disse trazer a Fátima uma mensagem “de esperança e de apoio” para todos os peregrinos.
O novo bispo, religioso vocacionista, nasceu a 21 de agosto de 1953 e completou os estudos filosóficos no Brasil antes de concluir a formação teológica nos Estados Unidos da América, onde foi ordenado padre em 1982; João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Newark, em 2003.
Milhares de migrantes são esperados no Santuário de Fátima para as celebrações de 12 e 13 de agosto.
A Guarda Nacional Republicana (GNR), através do Comando Territorial de Santarém, realiza entre 13 e 15 de agosto a operação “Migrante 2022”, “de modo a garantir a segurança e tranquilidade pública, o controlo do tráfego rodoviário e a prevenção criminal tanto no Santuário de Fátima como nas áreas envolventes”.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a GNR indica que vão ser intensificadas as ações de patrulhamento, “com o objetivo de apoiar e garantir a segurança dos peregrinos e prevenir a atividade criminal”.
OC
Migrações: «Tem de ser combatida a ideia que os migrantes são só para receber» – Eugénia Quaresma