Francisco condena «escândalo» do comércio de armas e «interesses» que alimentam a guerra
Cidade do Vaticano, 31 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje a negociações de paz, na Ucrânia, na sua primeira intervenção pública após regressar do Canadá, este sábado.
“Mesmo durante a viagem, nunca deixei de rezar pelo povo ucraniano, agredido e martirizado, pedindo a Deus que o liberte do flagelo da guerra”, disse aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação do ângelus.
Falando desde a janela do apartamento pontifício, Francisco pediu que todas as partes olhem para a realidade “objetivamente”.
“Considerando os danos que a guerra traz todos os dias àquela população, mas também a todo o mundo, a única coisa razoável a fazer seria parar e negociar. Que a sabedoria inspire passos concretos de paz”, declarou.
Na sua tradicional reflexão dominical, o Papa tinha sublinhado que, por trás das guerras e conflitos “está quase sempre envolvido o anseio por recursos e riqueza”.
Quantos interesses estão por trás de uma guerra! Certamente, um deles é o comércio de armas. Este comércio é um escândalo, ao qual não podemos nem devemos resignar-nos”.
Cerca de 40 prisioneiros de guerra ucranianos morreram num bombardeamento contra uma prisão na região separatista de Donetsk, avançou esta sexta-feira o Ministério da Defesa da Rússia.
Moscovo e Kiev trocaram acusações sobre a autoria do ataque.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou, pelo menos, 5100 civis, segundo a ONU; 16 milhões de pessoas deixaram as suas casas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país.
Na sua viagem ao Canadá, Francisco disse às autoridades políticas e membros do corpo diplomático que “não serão as corridas aos armamentos e as estratégias de dissuasão que trarão paz e segurança”.
“Não há necessidade de perguntar-se sobre como continuar as guerras, mas como pará-las. Há necessidade de impedir que os povos voltem a ser reféns das garras de horríveis guerras frias, que ainda se alargam”, referiu, num discurso pronunciado no Quebeque, a 27 de julho.
O Papa recordou a viagem de seis dias, agradecendo “a todos os que tornaram possível esta peregrinação penitencial”, em particular autoridades civis, líderes indígenas e bispos canadianos.
“Agradeço de coração aos que me acompanharam com a sua oração. Obrigado a todos”, concluiu.
OC