Fundação pontifícia está a visitar o país, admitindo melhoria da situação, ainda marcada pelo medo
Lviv, Ucrânia, 12 abr 2022 (Ecclesia) – Magda Kaczmarek, chefe da secção da Europa Oriental da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) para a Ucrânia, disse hoje em Lviv que a população local vive com “medo sobre o que vai acontecer nos próximos dias”.
“As pessoas aqui vivem hora a hora, dia a dia”, assinalou, em conferência de imprensa, acompanhada pela Agência ECCLESIA.
Uma delegação da AIS está na Ucrânia, desde a última sexta-feira, acompanhando a evolução do conflito militar.
A fundação pontifícia destaca que Lviv recebeu milhares de pessoas, vindas de outras regiões do país, tanto para procurar um novo destino na Europa como para ficar na parte ocidental da Ucrânia.
“É um desafio sobreviver à economia de guerra e gerir a multidão de pessoas deslocadas e traumatizadas que chegam à cidade. No entanto, a solidariedade prevalece. A população local acolhe os refugiados com entusiasmo, e muitos trabalhadores humanitários e voluntários estão lá para ajudar e apoiar os necessitados”, indica a AIS.
No entanto, enquanto Magda Kaczmarek e Marco Mencaglia – chefes das seções da Europa Oriental e Europa da Fundação AIS – caminhavam em Lviv, eles encontraram as ruas vazias. A razão é que as sirenes de ataque aéreo soam várias vezes ao dia. Vários ataques aéreos atingiram a infraestrutura da cidade; algumas semanas atrás, foi atingida uma base de treino militar nos arredores.
Magda Kaczmarek precisou que a viagem tem passado junto das comunidades católicas de rito latino e greco-católica, que acolhem deslocados internos.
“Algumas destas pessoas não conseguiam falar”, relatou, apontando ao “enorme trabalho” que vai ser preciso, do ponto de vista psicológico, para recuperar as vítimas da guerra.
A responsável citou histórias de solidariedade e amizade no meio da destruição, evocando o impacto da violência no setor da Educação e da formação, incluindo os seminários, que agora acolhem refugiados
Marco Mencaglia, chefe da secção da Europa da AIS, admitiu, por sua vez, que a situação de segurança em Kiev está a melhorar, mas alertou que “a reconstrução da Ucrânia não vai começar antes da segunda metade do ano”.
O membro da fundação pontifícia destacou que, na Ucrânia, recebeu o pedido de que se enviem donativos em dinheiro, para que os bens possam ser comprados localmente.
Mencagli disse ter encontrado “enorme solidariedade”, por parte das instituições católicas, que assumem “custos de manutenção” muito altos, face ao acolhimento de milhares de pessoas.
Os responsáveis da AIS destacaram que um número “significativo” de pessoas encontrou alívio, na fé, mesmo que tivessem estado afastados da prática religiosa, nos últimos anos.
“A grande maioria dos padres decidiu ficar”, acrescentou Marco Mencaglia.
A irmã Karolina Mordaka, da AIS-Polónia, observou que a guerra veio unir a população ucraniana.
“Aconteceu muito depressa”, relatou.
A religiosa indicou que “as pessoas precisam de ajuda espiritual, de apoio espiritual” e pediu orações “pela Ucrânia, pelo seu povo”.
A delegação da AIS cruzou-se com o esmoler pontifício, o cardeal Konrad Krajewski, que conduziu desde Roma, durante 19 horas, para entregar uma ambulância oferecida pelo Papa.
Após o início da guerra, a AIS anunciou um pacote de 1,3 milhões de euros para as comunidades católicas da Ucrânia, já distribuídos.
Um novo pacote de ajuda, que pode chegar ao milhão de euros, vai somar-se a 27 projetos num total de 579 491 euros, que se destinam a estipêndios de Missa para sacerdotes ucranianos – 95% dos quais casados, no caso da comunidade greco-católica.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou milhares de mortes, entre civis e militares, levando à fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões de refugiados.
OC