Visita à gruta de São Paulo, onde o apóstolo ficou após um naufrágio no Mediterrâneo, evocou quem tentam chegar à Europa
Rabat, 03 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa rezou hoje por todos aqueles que procuram chegar à Europa, atravessando o Mediterrâneo, numa oração proclamada na gruta de São Paulo, onde o apóstolo ficou após um naufrágio no Mediterrâneo, na ilha de Malta.
“Ajudai-nos a reconhecer de longe as necessidades daqueles que lutam por entre as ondas do mar, atirados contra as rochas duma costa desconhecida”, disse, após ter estado em silêncio durante alguns momentos, no local, que se encontra em Rabat.
Francisco pediu que a compaixão dos católicos “não se reduza a palavras vãs, mas acenda a fogueira do acolhimento, que faz esquecer o mau tempo, aquece os corações e os une”.
“Lareira da casa construída sobre a rocha, da única família dos vossos filhos, todos irmãos e irmãs. Vós amai-los sem distinção e quereis que nos tornemos um só com o vosso Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo poder do fogo enviado do Céu, o vosso Espírito Santo, que queima toda a inimizade, e de noite ilumina o caminho rumo ao vosso reino de amor e de paz”, acrescentou.
O Papa rezou ao “Deus de misericórdia” e evocou a ação do Apóstolo Paulo, que chegou à ilha no ano 60 e começou a evangelização daquele que é, hoje, um dos países com maior percentagem de católicos na Europa.
São Paulo e os companheiros de viagem encontraram aqui, acolhendo-os, pessoas pagãs de bom coração, que os trataram com invulgar humanidade, apercebendo-se que precisavam de abrigo, segurança e assistência. Ninguém conhecia os seus nomes, a proveniência nem a condição social; sabiam apenas uma coisa: que precisavam de ajuda”.
Francisco rezou para que todos tenham “a graça dum bom coração que palpite de amor pelos irmãos”.
A gruta onde o discípulo de Jesus teria ficado é hoje uma capela, sendo dedicada a Paulo uma basílica, junto ao local; em Medina, a Catedral de São Paulo lembra o lugar onde o apóstolo teria sido acolhido pelo governador Públio e pelos malteses.
A gruta foi visitada por João Paulo II, a 27 de maio de 1990, e por Bento XVI, a 17 de abril de 2010, por ocasião do 1950.º aniversário do naufrágio de São Paulo.
Francisco rezou neste local, onde acendeu uma lâmpada votiva, tendo ainda assinado o livro de honra e saudado um grupo de doentes e pessoas ajudadas pela Cáritas.
O Vaticano divulgou a mensagem deixada no livro de honra da Basílica: “Neste lugar sagrado, que recorda São Paulo, Apóstolo dos Gentios e pai na fé deste povo, agradeço ao Senhor e peço-lheque conceda sempre aos malteses o Espírito de consolação e o ardor do anúncio”.
Ainda sentado, diante do livro, Francisco abençoou um quadro com uma imagem de São Paulo levada por um membro dos Cavaleiros de Malta e assinou um solidéu branco depois de colocá-lo na cabeça.
O Papa deixou Rabat, de carro, e seguiu até à ‘Piazzale dei Granai’, em Floriana para a celebração da Missa ao ar livre, num percurso acompanhado por milhares de pessoas, à passagem do veículo que o transportava, em clima de festa.
OC
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