Vila Viçosa: «Os filhos da Terra de Santa Maria hão de mostrar que nunca a esquecem» – Francisco (c/fotos)

Papa associou-se a celebração conclusiva do Ano Jubilar, que assinalou aniversário da coroação de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal

Vila Viçosa, 27 mar 2022 (Ecclesia) – O Papa associou-se hoje à celebração dos 375 anos de proclamação de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, pedindo que os católicos preservem a sua histórica ligação à figura de Maria.

“Porventura, não nasceu Portugal em territórios que então davam já pelo nome de Terra de Santa Maria? Pois bem, os filhos da Terra de Santa Maria hão de mostrar que nunca a esquecem”, referiu Francisco, numa mensagem lida no Santuário de Vila Viçosa (Arquidiocese de Évora) pelo seu núncio apostólico, D. Ivo Scapolo.

O texto convidou à confiança na intercessão da Virgem Maria para superar os desafios do presente e do futuro.

“Portugal, destes novos mundos ao mundo; deverás dar estes mundos a Deus”, escreveu o Papa.

A mensagem começou por sublinhar a celebração de um Ano Jubilar, que hoje se conclui, para “dar mais vida e reconhecimento ao ato de entrega de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, assumido pelo rei D. João IV, com um gesto altamente significativo, como foi a deposição da coroa real aos pés dela, no Santuário de Vila Viçosa, a 25 de março de 1646”.

Francisco dirigiu uma “saudação fraterna” a todos os participantes, “a fim de renovar, todos por um e um por todos, a entrega de si mesmos e, por assim dizer, do respetivo reino à sua celeste padroeira e rainha”.

“Animo-os a não ter medo daquilo que Deus lhes possa pedir ou esteja a pedir, deixem-se surpreender por Deus, como fez Maria, deixem Deus entrar verdadeiramente nas suas vidas”, referiu.

O Papa pediu a todos os presentes que imitem o gesto de D. João IV e “não voltem a envergar a coroa do próprio reino, mas deixem aos pés de Maria as próprias seguranças”.

“De bom grado me uno a todos, encorajando-os nos seus sentimentos, propósitos e preces, para que, por Maria e com Maria, reine nos vossos corações a paz de Cristo”, acrescentou.

A reflexão abordou o dogma da Imaculada Conceição, na qual se “exprime a grandeza do amor divino”, destacou o pontífice.

“É o amor de Deus que evita, antecipa e salva”, precisou.

Francisco assinalou a centralidade do projeto de “um amor que salva”, perante a “experiência diária” do pecado e da “tentação da desobediência”, o desejo de projetar a própria vida, “independentemente da vontade de Deus”.

Deus surpreende-nos sempre, rompe os nossos esquemas, põe em crise os nossos projetos e diz-nos: ‘Confia em mim, não tenhas medo, deixa-te surpreender, sai de ti mesmo e segue-me’”.

O Papa evocou a crise na Ucrânia e convidou a rezar, por intercessão de Maria, pela paz e a comunhão entre todos os seres humanos, “nestes dias tristes de guerra sem fim, com o rasto incomensurável de vítimas inocentes e a negação cruel dos princípios da fraternidade universal”.

A mensagem encerrou-se com a bênção apostólica do Papa e foi saudada pelos presentes com uma salva de palmas.

A celebração da Eucaristia foi presidida por D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com a presença de mais de duas dezenas de bispos das dioceses nacionais.

No Santuário de Vila Viçosa estiveram ainda autoridades civis e militares, entre elas o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Para D. José Ornelas, esta celebração foi um ato “pleno de significado”, ligado à identidade de Portugal.

Celebrar a “matriz de fé” dos governantes do passado, observou, deve ser “um trampolim de projeto novo de futuro”, para que a história não seja “fator de imobilismo congelador”.

“Sem Deus, o mundo humano caminha para a autodestruição”, advertiu.

No final da Missa, D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora, manifestou a sua gratidão, por este momento em que se manifestou a “unidade” da Igreja, em volta da Virgem Maria, “o centro da unidade de Portugal”.

Ao longo deste domingo, decorre a exposição ‘Três Coroas, a mesma Padroeira’, com as coroas de Nossa Senhora da Conceição (Vila Viçosa), Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Sameiro (Braga).

“Três coroas da mesma Rainha de Portugal”, destacou o arcebispo de Évora.

No final das comemorações, o presidente da República condecorou a Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como membro honorário da Ordem do Mérito, tendo recebido as insígnias o juiz da Confraria, Fernando Pinto.

OC

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Agência ECCLESIA

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