Fátima: «A guerra nunca é solução» – Padre Carlos Cabecinhas

Reitor destaca importância de Ato de Consagração, como gesto pela paz que sublinha dimensão «profética» das Aparições

Foto: Agência ECCLESIA

Fátima, 25 mar 2022 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima disse hoje à Agência ECCLESIA que o Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria, promovido pelo Papa, representa um gesto pela paz, perante a ameaça de uma nova guerra mundial.

“Uma Ato de Consagração significa pedir a paz como dom de Deus, mas pedir também a Deus que toque o coração dos decisores políticos, para que encontrem caminhos justos para a solução dos problemas, que nunca podem ser a guerra. A guerra nunca é solução”, refere o padre Carlos Cabecinhas.

O sacerdote assinala a importância da primeira consagração que acontece após a queda do Muro de Berlim, oferecendo uma nova chave de leitura para a dimensão “profética” da Mensagem de Fátima.

“Vem dar outra densidade a essa dimensão profética, porque já não se trata apenas e só do problema dos regimes ateus que procuravam todo um sistema político e filosófico que combatia diretamente Deus, trata-se de uma outra realidade, da agressão entre os povos e da necessidade de rezar pela paz”, precisou.

Recordo que o Papa Bento XVI, quando veio como peregrino a este Santuário [maio de 2010], disse que se enganaria quem pensasse que a dimensão profética da Mensagem de Fátima estivesse esgotada”

O Papa vai rezar esta sexta-feira para que a humanidade seja preservada da “ameaça nuclear”, durante o Ato de Consagração a que vai presidir no Vaticano, em ligação a Fátima, invocando a paz, particularmente na Ucrânia e Rússia.

O padre Carlos Cabecinhas recorda que, na tradição cristã, “Nossa Senhora aparece como refúgio”.

“É natural que, nos momentos mais dramáticos e mais difíceis, os fiéis cristãos recorram à sua intercessão”, observa.

Foto: Agência ECCLESIA

A paz, acrescenta, é uma tarefa de todos e “dom de Deus”, que exige sempre “conversão do coração”.

O reitor assinala que a Mensagem de Fátima fala de “um ato de consagração, como pedido extraordinário para momentos extraordinários”.

A decisão do Papa Francisco, de renovar a consagração ao Imaculado Coração de Maria, deve inscrever-se nesta oração, neste pedido extraordinário pela paz, num momento extraordinário, particularmente doloroso, como este que estamos a viver, do regresso da guerra à Europa e da ameaça de uma terceira guerra mundial”

A cerimónia na Basílica de São Pedro tem início marcado para as 17h00 (menos uma em Lisboa), durante a tradicional celebração penitencial de Quaresma a que o Papa preside, incluindo um momento de confissões.

A consagração vai decorrer, simultaneamente, na Cova da Iria, onde o cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício, vai presidir à recitação do Rosário, na Capelinha das Aparições, a partir das 16h00, na qualidade de enviado do Papa, com uma dezena em russo e ucraniano.

“O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria”, refere a oração que vai ser proferida pelo Papa, em união a todos os bispos e padres dos cinco continentes, convidados a participar neste ato solene.

O padre Carlos Cabecinhas sublinha que é “fundamental não demonizar uma das partes em conflito”.

“Neste caso concreto é preciso ter presente que, embora a Rússia seja o agressor, não é o povo russo que está em causa. Não pode haver, neste tipo de atividade, qualquer russofobia”

O reitor sublinha que esta é uma “oração ativa e explícita pela paz”, concretamente entre os dois povos em conflito, mas que “não hostiliza nenhuma das partes”.

“A decisão do Papa de consagrar conjuntamente a Rússia e a Ucrânia, os dois povos beligerantes, neste caso, é profética e decisiva, porque evita o escolho de olhar para a Rússia como o inimigo a abater. Não é esse o caso, o que nós pretendemos é a paz”, concluiu.

A cerimónia na Capelinha das Aparições, com a presença dos bispos portugueses, inclui, além da recitação do Rosário, a proclamação de excertos das Memórias da Irmã Lúcia, incluindo várias referências à Aparição de 13 de julho de 1917, na qual se regista o seguinte: “Virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz”.

A consagração é feita pelo cardeal Krajewski, com o texto escrito pelo Papa Francisco.

OC

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Agência ECCLESIA

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