Vaticano: Papa sublinha necessidade de proteção legal para as várias uniões, distinguindo-as do matrimónio católico

Francisco destaca que «Igreja não tem poder para mudar os sacramentos»

Cidade do Vaticano, 15 set 2021 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em conferência de imprensa que os Estados devem oferecer proteção legal para uniões entre pessoas do mesmo sexo, distinguindo-as do matrimónio católico.

“Há leis que procuram ajudar as situações de muitas pessoas, que têm uma orientação sexual diferente”, indicou Francisco, no voo de regresso a Roma, após uma viagem de quatro dias à Hungria e Eslováquia.

Segundo o Papa, é importante que os Estados tenham a possibilidade apoiar estas pessoas, “civilmente, de dar-lhes segurança de herança, saúde”.

Em várias intervenções, desde a sua eleição pontifícia em 2013, o Papa tem distinguido estas uniões homossexuais, no plano civil, do sacramento do Matrimónio, reservado na Igreja Católica à união entre um homem e uma mulher.

“O matrimónio é um sacramento, a Igreja não tem poder para mudar os sacramentos como o Senhor os instituiu”, referiu Francisco, esta tarde.

Matrimónio é matrimónio. Isto não significa condená-los [homossexuais], eles são nossos irmãos e irmãs, devemos acompanhá-los. Mas o matrimónio, como sacramento, é claro”.

O Papa admite que, no debate público, tem existido alguma “confusão” entre leis civis e o casamento como sacramento, “que é entre um homem e uma mulher”.

“Não façam a Igreja negar a sua verdade. Muitas pessoas com orientação homossexual aproximam-se da Penitência, pedem conselhos ao padre, a Igreja ajuda-as a avançar, na sua própria vida, mas o sacramento do matrimónio é outra coisa”, prosseguiu.

Francisco falou dos dias vividos em Budapeste e várias cidades da Eslováquia, afirmando que é preciso recuperar a “mística” da União Europeia e os “sonhos” dos seus fundadores.

Questionado sobre o encontro com as autoridades civis na Hungria, o Papa disse que se tratou de uma visita de “cortesia” do presidente, János Áder, e o primeiro-ministro do país, Viktor Orbán, tendo abordado sobretudo temas da ecologia e da família.

A reunião, no Museu de Belas Artes de Budapeste, durou cerca de 40 minutos e decorreu num “bom clima”, realçou Francisco.

“Sobre migrações, nada, disso não se falou”, acrescentou.

O Papa voltou a condenar o antissemitismo, considerando que esta é uma “moda feia”, e abordou as polémicas ligadas à vacinação contra a Covid-19, que considerou “estranhas”.

“A humanidade tem uma história de amizade com as vacinas”, recordou.

Francisco admitiu que existe uma “divisão” neste campo, com “negacionistas” no Colégio Cardinalício”, um dos quais atualmente a recuperar da doença.

O Papa completou hoje a sua 34ª viagem internacional, no pontificado, com passagens por Budapeste, no domingo, onde encerrou o Congresso Eucarístico Internacional, e pela Eslováquia.

OC

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Agência ECCLESIA

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