Eslováquia: Papa critica «religiosidade rígida» e pede que a Igreja seja sinal de «liberdade e acolhimento»

Francisco deixa desafios em encontro com responsáveis católicos

Bratislava, 13 set 2021 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje na Eslováquia uma “religiosidade rígida” que retira a liberdade aos crentes, pedindo que a Igreja Católica seja sinal de “liberdade e acolhimento”.

“Que o anúncio do Evangelho seja libertador, nunca opressivo, e a Igreja sinal de liberdade e acolhimento”, disse Francisco num encontro com bispos, sacerdotes, religiosas e religiosas, seminaristas e catequistas na Catedral de São Martinho, em Bratislava.

A intervenção questionou a “autorreferencialidade” nas comunidades católicas, desejando que “ninguém se sinta oprimido”.

“Abandonemos a preocupação excessiva connosco mesmos, com as nossas estruturas, com o modo como a sociedade nos olha”, declarou, no segundo dia da visita à Eslováquia, que se prolonga até quarta-feira.

O Papa defendeu a necessidade de ir ao encontro da “vida real” das pessoas, com as suas necessidades e anseios espirituais.

“A Igreja não é uma fortaleza, um potentado, um castelo situado no alto que olha, distante e autossuficiente, para o mundo”, advertiu.

Por favor, não cedamos à tentação da magnificência, da grandeza mundana. A Igreja deve ser humilde como Jesus”.

Francisco desafiou os responsáveis católicos a promover a “aventura da liberdade” na vida espiritual.

“Muitos, sobretudo nas novas gerações, não são atraídos por uma proposta de fé que não lhes deixa liberdade interior, não são atraídos por uma Igreja onde todos têm de pensar da mesma maneira e obedecer cegamente”, observou.

O Papa admitiu que seria mais fácil “ter todas as coisas predefinidas, as leis a observar, a segurança e a uniformidade”.

“A primeira coisa de que precisamos é uma Igreja que caminhe em conjunto, percorrendo as estradas da vida com a chama do Evangelho acesa”, acrescentou.

A reflexão destacou as figuras de São Cirilo e Metódio, que criaram um alfabeto para a tradução da Bíblia e foram “inventores de novas linguagens para transmitir o Evangelho”.

“A tarefa mais urgente da Igreja entre os povos da Europa: encontrar novos ‘alfabetos’ para anunciar a fé”, sustentou Francisco.

O Papa pediu uma Igreja capaz de falar com todos, “mergulhando na história e na cultura” para promover “a comunhão, a amizade e o diálogo entre os crentes, entre as diferentes confissões cristãs e entre os povos”.

Francisco evocou a experiência do regime totalitário do século XX, no território eslovaco, com “violência, coerção e privação de direitos”, pedindo que todos saibam superar as feridas do passado recente.

Neste contexto, relatou um episódio vivido pelo cardeal Ján Chryzostom Korec (1924-2015), perseguido pelo regime comunista.

“Quando foi a Roma no Jubileu do ano 2000, deslocou-se às catacumbas e acendeu uma vela pelos seus perseguidores, implorando para eles misericórdia. Isto é Evangelho! Cresce na vida e na história através do amor humilde e paciente”, indicou.

Esta tarde, o Papa vai visitar Lar Centro de Belém, onde as Irmãs da Caridade ajudam pessoas em situação de sem-abrigo, encontrando-se ainda com a comunidade judaica eslovaca, para evocar o sofrimento da II Guerra Mundial (1939-1945).

OC

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Agência ECCLESIA

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