«Levantemo-nos e vamos. Não para a sacristia. Mas para o mundo» – D. Manuel Linda
Porto, 11 set 2021 (Ecclesia) – O bispo do Porto presidiu hoje à Missa Crismal, onde também fizeram memória dos bispos, presbíteros e diáconos falecidos, e afirmou que “agora, é a ocasião do levantamento”, depois do “tempo da prostração” causado pela pandemia Covid-19.
“Foi duro para todos nós. Quase metade do nosso clero foi contagiado pelo vírus, muitos de nós fomos obrigados a ficar em isolamento, alguns deram entrada nos hospitais, outros estiveram internados nos cuidados intensivos e quase uma dezena faleceram de Covid ou com Covid”, disse D. Manuel Linda, na celebração que presidiu na Sé.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo do Porto exemplificou que fizeram funerais e outras ações litúrgicas “em contexto de muito medo”, escutaram “desabafos sem saber que responder” e tentaram “animar as pessoas mesmo quando a esperança parecia esvair-se”, aprenderam a “comunicação à distância”.
“Demos voltas à imaginação para descobrir como proceder nos lares e ERPI’s quando os poderes públicos nos abandonaram, choramos por ver as nossas igrejas vazias, fornecemos alimento e ânimo a bocas esfomeadas e a corações despedaçados e levantamos continuamente as nossas mãos para o alto a implorar a salvação do nosso povo”, acrescentou.
Segundo D. Manuel Linda, “ninguém esteve mais com o povo” durante este tempo de pandemia Covid-19 do que” o clero, “em pé de igualdade com os profissionais de saúde e com as forças de socorro e segurança”.
“Mas, agora, é a ocasião do levantamento. Levantemo-nos e vamos. Não para a sacristia. Mas para o mundo”, incentivou o bispo do Porto na Missa Crismal, para “recuperar a alegria das celebrações, refazer o tecido da comunidade, revitalizar os grupos de apostolado, ousar novas propostas e respostas pastorais”, como indica o Plano Pastoral.
‘Da prostração ao levantamento’ foi o título da homilia, celebrada fora do contexto da Semana Santa por causa da pandemia, e D. Manuel Linda destacou esses dois momentos das celebrações de ordenação.
“Nesse momento forte, o nosso rosto em terra lembra-nos um aniquilamento que somos chamados a fazer dos caprichos e vontade própria para que somente a ação de Deus se realize por nosso intermédio, quais instrumentos livres e colaborantes. Lembra-nos também que a essência do ministério é o culto divino, o louvor de Deus que só pode ser adorado se for conhecido e só será conhecido se for amado”, realçou, lembrando que na ordenação não ficam “sempre prostrados”.
A Diocese do Porto celebra uma Eucaristia de sufrágio pelos bispos, presbíteros e diáconos no dia 11 de setembro, instituída nesta data após “o falecimento do saudoso D. António Francisco”, em 2017.
D. Manuel Linda recordou que desde a Missa Crismal de 2020, faleceram 21 sacerdotes, diocesanos e de congregações religiosas, e um diácono.
“Temos saudades deles. Sentimos a sua partida como de membros da nossa família. Mas anima-nos a esperança de que, junto de Deus, eles intercedem por nós”, referiu.
No mesmo período foram ordenados 13 sacerdotes e dois diáconos permanentes, acrescentou, destacando também que celebrou os 25, 50, 60 e 70 anos de ordenação presbiteral e os 10 anos de ordenação episcopal de D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto.
CB