Moçambique: Alimentação e casas são urgência para regresso à normalidade em Cabo Delgado

Atrasos na vacinação preocupam Sara Poças, coordenadora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga

Braga, 04 jun 2021 (Ecclesia) – A coordenadora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga, que detém a missão de Ocua, na província de Cabo Delgado, Moçambique, referiu que a região continua a receber deslocados internos, sendo necessário providenciar alimentação e habitação.

“Os deslocados continuam a chegar à cidade de Pemba e vão-se espalhando pelos vários distritos, descem até às províncias de Nampula e Niassa. O ambiente está aparentemente mais tranquilo. Há pequenos ataques na zona de Palma, no norte da província, o que faz com que tudo pareça voltar à normalidade”, conta Sara Poças à Agência ECCLESIA.

Os deslocados dirigem-se para casa de familiares e para campos de reassentamento, terrenos que o Estado disponibiliza para que as pessoas possam construir a sua casa e reconstruir a sua vida.

“O objetivo é que os campos de reassentamento tenham postos de saúde e escola para que as pessoas possam ficar. Mas é necessária ajuda para a construção das casas”, indica.

A Cáritas Diocesana de Pemba e a Arquidiocese de Braga, através da campanha ‘Juntos por Cabo Delgado’, estão a apoiar estes reassentamentos, providenciando material para a construção e casas, nomeadamente em chapas de zinco, cimento”.

Paralelamente a esta ajuda, a Missão de Ocua, em Moçambique atualmente com a missionária Andreia Araújo, ajudada por um frade capuchinho, retoma paulatinamente a visita às 96 comunidades que a missão acompanha.

“Há cerca de um mês, com o regresso das celebrações, que estavam suspensas assim como todas as atividades comunitárias, a missão de Ocua, retomou as visitas às comunidades, que são muito importantes também enquanto ocasião para falar dos problemas locais, e, como Igreja, não queremos deixar de ser presença”, explica.

Sara Poças indica que, devido à Covid-19, algumas comunidades não eram visitadas há dois anos, mas apesar da suspensão foi possível manter alguns projetos em curso.

O projeto de aleitamento materno nunca parou, que possibilita apoio a bebés órfãos e a mães que não conseguem amamentar; a machamba, terreno da missão que é cedido às famílias para colheita, foi igualmente cedido a famílias deslocadas e acolhidas na paróquia.

“A Missão tem apoiado meninas para que continuem a estudar – este ano percebemos que com a pandemia e o facto de ter deixado de haver escola, menos meninas regressaram. No ano passado estávamos a apoiar 20 meninas, e este ano apareceram seis. Sem aulas, as meninas estão em casa e é mais fácil engravidarem e serem úteis noutras tarefas e a escola ficar de lado. É um projeto que queremos retomar”, acrescenta a entrevistada.

A formação das mulheres e o seu empoderamento é uma forte aposta da missão, esclarece Sara Poças.

Em Portugal aguardam dois contentores cheios para seguirem para a missão de Ocua, com material de agricultura, carpintaria, serralharia, costura, cozinha e cobertores, para além de tendas e lonas.

“O contentor já tinha sido pensado antes da onda mediática, junto do então bispo de Pemba, D. Luiz Lisboa, e a Câmara do Comércio de Moçambique, que financiou o envio do contentor com bens que a diocese considerasse necessário. Estes materiais seriam para apoiar os projetos da Cáritas, destinados à reinserção das famílias para que possam retomar a sua vida normal nos reassentamentos, ter uma atividade laboral e respetivo sustento”, esclarece.

O resultado dessa campanha permitiu encher dois contentores, em vez de um, que aguardam a isenção de impostos na Alfandega.

A Missão de Ocua desenvolve ainda trabalho pastoral, em diferentes Comissões, que Sara Poças indica cobrirem muitas áreas: “Litúrgica, catequética, apoio social, a mulher, a criança, jovens e vocacionados. Todas estas comissões vão tendo reuniões e formações que acompanhamos e vão sendo retomadas aos poucos”.

Sobre a vacinação da população contra a Civid-19, a coordenadora do centro Missionário afirma não ter nenhuma informação.

“Ainda não ouvi falar. À missão ainda não chegou qualquer notícia. Nem acredito que tão cedo chegue”, lamenta.

A Missão de Ocua aguarda a aprovação dos vistos de residência para duas pessoas, o padre Manuel Faria e a missionária Fátima Castro, que partirão de Portugal para se juntar a Andreia Araújo.

LS

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Agência ECCLESIA

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