Ecumenismo: Conferência Episcopal Portuguesa é parceira do «memorando» para certificação verde de comunidades cristãs (atualizada)

Acordo será assinado a 12 de junho, na celebração dos 50 anos da COPIC e nos 20 anos da Carta Ecuménica Europeia

Lisboa, 21 mai 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje que se vai associar, como parceira, ao memorando que vai ser assinado pelas Igrejas Cristãs no dia 12 de junho com o objetivo de “encontrar práticas comuns de conversão ecológica”.

A informação foi transmitida à Agência ECCLESIA pelo porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa.

O presidente do organismo episcopal, D. José Ornelas, vai representar a CEP na assinatura do memorando para certificação verde de comunidades cristãs.

João Luís Fontes, da Comissão Executiva da Rede Cuidar da Casa Comum, disse à Agência ECCLESIA que o memorando é “um chapéu lato de eco entendimento”.

“As comunidades poderão ser ecocertificadas, mas haverá outros projetos comuns que vão mostrando a viabilidade deste caminho, podendo também desenvolver-se uma reflexão bíblico-teológica, com propostas a dirigir a todas as Igrejas”, explicou o responsável, na última quarta-feira.

A assinatura do memorando, em fase de finalização, acontece na data da celebração dos 50 anos do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC).

Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana de comunhão anglicana, indica o memorando como “uma expressão muito bonita” de como as Igrejas, “nas suas diferenças, podem encontrar áreas transversais de compromisso e colaboração” e sublinha a dimensão concreta que o documento adquire.

“Vamos procurar sempre que esta dimensão da eco-teologia se traduza na justiça social e económica: O que queremos é que através do compromisso ambiental, possamos promover um comércio mais justo, que respeite a dignidade humana e não explore a mão de obra dos migrantes ou das crianças, e que apele a uma maior igualdade de género”, explicou o responsável à Agência ECCLESIA.

Jorge Pina Cabral fala numa “ permanente e aprofundada ecoteologia” que vai juntar as Igrejas cristãs, que poderá ajudar a “ler textos bíblicos em conjunto e a interpretá-los com uma nova luz”.

A reflexão conjunta que sustenta o documento parte de uma interpretação bíblica comum, que considera a “Criação como um dom de Deus, a humanidade como mordomo da criação” e tudo o que rodeia como parte do ser humano.

“O memorando abre grandes oportunidades para uma maior intervenção social das Igrejas em Portugal, em conjunto, o que que me parece ser assinalável”, destaca o responsável

João Luís Fontes reconhece que algumas Igrejas e comunidades têm sido empreendedoras no caminho de cuidar da Casa Comum e procura atualizar as suas práticas rumo a uma conversão ecológica, mas deseja que com a assinatura comum do memorando sinais mais concretos possam desencadear novas ações.

“Esperamos que possam aparecer desafios e pedidos do terreno que nos obrigam a refletir e a dar respostas”, sugere.

O teólogo e membro do Fórum Ecuménico Jovem recorda o quanto “cuidar da criação e procurar uma ecologia integral” tem sido um caminho “privilegiado de colaboração entre as Igrejas”.

“Há documentos de líderes religiosos e os documentos ecuménicos, que resultaram na Carta Ecuménica que está a celebrar 20 anos, onde esta dimensão já estava contemplada de forma muito clara como via comum entre os cristãos”, sublinha.

As Igrejas cristãs querem agora, à semelhança do que acontece em França, com a Igreja Verde, avançar com um “sistema de ecocertificação” que implica um conjunto de eco princípios.

“Haverá uma grelha para uma avaliação ecológica, para aferição de vários domínios como os espaços de culto, a vida das comunidades, o espaço envolvente, com vista a uma efetiva conversão ecológica para melhorar a relação com a Casa comum”, explica João Luís Fontes.

Para além da oração comum, porque “os cristãos assinalam a importância de ligar a oração e a ação, que os leva a perceber que isto decorre de um mandato de Deus”, as Igrejas procuram desenvolver trabalho comum.

A ecologia integral e a participação mais efetiva dos cristãos na construção de uma Europa mais “social e fraterna” e foram desafios partilhados no encontro de uma delegação ecuménica, com representantes da Comissão dos Episcopados da União Europeia (COMECE) e da Conferência Europeia de Igrejas (CEC), com o ministro de Estado e Negócios Estrangeiros, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

LS/PR/OC

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Agência ECCLESIA

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