Igreja/Sociedade: «Pós-modernidade exige um novo discurso sobre Deus» – D. João Lavrador

Seminário diocesano está a promover jornadas de teologia dedicadas ao tema «ateísmo e fé: diálogo e procura»

Foto: Seminário de Angra

Angra do Heroísmo, Açores, 18 mar 2021 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse que a pós-modernidade “exige um novo discurso sobre Deus”, assinalando que “reconhecer a sua existência” não compromete nem se “opõe à dignidade do homem”.

“Já não estamos perante a recusa de tudo o que não pode ser racionalizado, mas com a indiferença perante tudo o que não seja a satisfação individual imediata”, afirmou D. João Lavrador, esta quarta-feira, na abertura das Jornadas de Teologia, promovidas pelo seminário diocesano.

‘O Átrio dos gentios- Ateísmo e fé: diálogo e procura’ é o tema das Jornadas de Teologia promovidas pelos Seminário de Angra, através da plataforma Zoom, até esta sexta-feira.

Na sessão de abertura do encontro, o bispo de Angra referiu-se a um certo “indiferentismo” em relação a Deus e ao seu mistério, como um dos grandes males da sociedade pós moderna, explicando que a Teologia deve insistir em ser uma ajuda para desafiar “permanentemente” o homem a colocar a questão de Deus no seu quotidiano.

“Já não estamos perante um grupo de pessoas que se julgam as possuidoras das luzes da razão e, como tal, detentoras do poder de guiar as outras, mas perante uma indiferença generalizada a tudo aquilo que não seja do domínio do sensível”, desenvolveu, numa intervenção citada pelo portal diocesano ‘Igreja Açores’.

Para D. João Lavrador, “a pós-modernidade exige um novo discurso sobre Deus” e assinalou que “reconhecer a Sua existência” não “compromete nem se opõe à dignidade do homem”.

“A Igreja (e a Teologia) não pode ter medo das questões que podem desembocar num ateísmo mais teórico ou prático, da pessoa que se situou pela sua forma de vida já não se inquietando com as perguntas; A teologia deve colocar-se num desafio para que o ser humano não desista de colocar as perguntas”, realçou.

O bispo de Angra explicou que o homem “é um peregrino em busca da verdade, da plenitude, da origem, do sentido, e como tal do Transcendente” e Deus não poderia “deixar a ninguém no silêncio absoluto”, porque a pergunta sobre Deus está intrinsecamente unida à pergunta por si próprio”.

Foto: Seminário de Angra

Já o reitor do Seminário Episcopal de Angra, padre Hélder Miranda Alexandre, destacou que as Jornadas de Teologia pretendem “transportar para o diálogo verdadeiro e autêntico” que é necessário para uma reflexão que “permita soletrar a existência de Deus a partir de uma fé fortalecida”.

Juan Ambrósio, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, foi o primeiro orador e refletiu sobre ‘O ensino da teologia- Na fronteira do diálogo entre linguagens’.

“A teologia transporta de um lado para o outro; é um exercício de mediação entre mundos. É uma realidade plural, com várias disciplinas, várias escolas, e várias áreas, uma espécie de interface, de onde convergem e para onde partem,  cruzando-se a Igreja,  a sociedade e a Universidade”, explicou o docente.

As Jornadas de Teologia continuam esta noite, às 20h00 locais (mais uma em Lisboa), com o padre António Vaz Pinto e o tema ‘Ateísmo e fé: perspetivas’; terminam esta sexta-feira, com o cientista  Carlos Fiolhais que vai falar sobre ‘Fé e ciência’ a partir da “perspetiva de um físico”.

CB/OC

Açores: Seminário de Angra promove Jornadas de Teologia sobre «ateísmo e fé»

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Agência ECCLESIA

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