Oração do Papa pelas vítimas da guerra

Mossul, 7 de março de 2021

Foto: Lusa/EPA

Deus Altíssimo, Senhor do tempo e da história, por amor criastes o mundo e nunca cessais de derramar as vossas bênçãos sobre as vossas criaturas. Com terno amor de Pai, acompanhais os vossos filhos e filhas, para além do oceano do sofrimento e da morte, para além das tentações da violência, da injustiça e do lucro iníquo.

Mas nós homens, ingratos pelos vossos dons e distraídos pelas nossas preocupações e ambições demasiado terrenas, muitas vezes esquecemos os vossos desígnios de paz e harmonia. Fechamo-nos em nós mesmos e nos nossos próprios interesses e, indiferentes a Vós e aos outros, fechamos as portas à paz. Assim se repetiu aquilo que o profeta Jonas ouviu dizer de Nínive: a maldade dos homens subiu até à presença de Deus (cf. Jn 1, 2). Não levantamos para o Céu mãos puras (cf. 1 Tm 2, 8), mas da terra subiu mais uma vez o grito do sangue inocente (cf. Gn 4, 10). Os habitantes de Nínive, na narração de Jonas, ouviram a voz do vosso profeta e encontraram salvação na conversão. Também nós, Senhor, ao mesmo tempo que Vos confiamos as inúmeras vítimas do ódio do homem contra o homem, invocamos o vosso perdão e suplicamos a graça da conversão:

 

Kyrie eleison! Kyrie eleison! Kyrie eleison!

 

Senhor nosso Deus, nesta cidade, dois símbolos testemunham o perene desejo da humanidade se aproximar de Vós: a mesquita Al-Nouri com o seu minarete Al Hadba e a igreja de Nossa Senhora do relógio. É um relógio que, há mais de cem anos, lembra aos transeuntes que a vida é breve, e o tempo precioso. Ensinai-nos a compreender que Vós nos confiastes o vosso desígnio de amor, paz e reconciliação, para o realizarmos no tempo, no breve arco da nossa vida terrena. Fazei-nos compreender que, só colocando-o em prática sem demora, será possível reconstruir esta cidade e este país e curar os corações dilacerados pela dor. Ajudai-nos a não gastar o tempo ao serviço dos nossos interesses egoístas, pessoais ou coletivos, mas ao serviço do vosso desígnio de amor. E quando nos transviarmos, concedei que possamos dar ouvidos à voz dos verdadeiros homens de Deus e arrepender-nos a tempo, para não nos arruinarmos ainda mais com destruição e morte.

Confiamo-Vos as pessoas, cuja vida terrena foi abreviada pela mão violenta dos seus irmãos, e imploramo-Vos também, para quantos fizeram mal aos seus irmãos e irmãs, que se arrependam, tocados pelo poder da vossa misericórdia:

 

Requiem æternam dona eis, Domine, et lux perpetua luceat eis. Requiescant in pace. Amen.

 

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