Ecumenismo: Responsável do Patriarcado de Lisboa questiona «tribalismo» na vivência cristã

Padre Peter Stilwell sublinha importância de um testemunho conjunto das religiões, em favor da paz

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 25 jan 2021 (Ecclesia) – O padre Peter Stilwell disse à Agência ECCLESIA que, no diálogo ecuménico, as questões doutrinais são “importantes, mas muitas vezes servem de desculpa para um tribalismo”.

No final da Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro), o diretor do Departamento das Relações ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa assinalou que no passado este relacionamento era mais “duro”, pela falta de um reconhecimento recíproco como “irmãos”.

A mais recente encíclica do Papa Francisco, ‘Fratelli Tutti’ apela a este diálogo entre crentes, mas reconhece “com tristeza, que no processo de globalização falta ainda a contribuição profética e espiritual da unidade de todos os cristãos”.

O padre Peter Stilwell foi reitor da Universidade de São José, em Macau (China), até 2020, e realça que na China “os católicos são considerados uma religião e os protestantes outra”.

“Isto é, de facto, uma pena”, assume, realçando que “no terreno as coisas são bem diferentes, porque as pessoas ajudam-se mutuamente e criam laços de simpatia e amizade, trabalhando em conjunto pela unidade”.

Para o diretor do Departamento das Relações ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa é “difícil avaliar o que se passa no interior da China”, falando em “pontes entre as comunidades evangélicas e os católicos”.

“Os líderes das comunidades evangélicas já não consideram a Igreja Católica como ameaça”, acrescenta.

Olhando para a realidade portuguesa, o padre Peter Stilwell sublinha que tem sido “feito um bom trabalho para encontrar plataformas de entendimento”.

Se, muitas vezes, religiões têm sido apontadas “como fator de divisão e violência” devido aos “radicalismos”, atualmente existem caminhos para que possam “contribuir para o  desenvolvimento humano”, num trabalho conjunto.

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do presbítero anglicano norte-americano Paul Wattson que mais tarde se converteu ao catolicismo.

Ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades que favorecem o regresso à unidade dos cristãos; as principais divisões entre as Igrejas Cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia – Igreja Copta, do Egito, entre outras; no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente – Igrejas Ortodoxas -; no século XVI, com a Reforma Protestante e depois a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

PR/LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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