Guarda: Solidão e abandono são «dramas graves» que cristãos devem combater

D. Manuel Felício apresentou mensagem de Natal e afirmou a certeza da celebração da Missa do Galo

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 11 dez 2020 (Ecclesia) – O bispo da Guarda pediu hoje atenção para quem vive “a solidão e o abandono”, os “dramas mais graves” deste tempo, e que possam imitar os “sentimentos do Menino de Belém” que “veio combater os dramas que afligem a humanidade”.

“É certo que não podemos celebrá-lo (o Natal), este ano, como em anos anteriores; mas torna-se ainda mais urgente vivê-lo com os mesmos sentimentos do Menino de Belém. De facto, Ele veio para se fazer o próximo mais próximo de todos e para combater todos os dramas que afligem a humanidade”, escreveu D. Manuel Felício na sua mensagem de Natal, apresentada hoje à diocese.

“Temos, nos nossos meios, crescente número de pessoas a viverem sós, umas em suas casas, mas longe dos familiares; outras acolhidas em lares, mas também longe dos afetos da família. É certo que é necessário travar os contágios, mas havemos de ter imaginação e coragem suficientes para travar os contágios sem interromper as relações”, pede o bispo na mensagem.

D. Manuel Felício reconhece que “são os laços familiares”, que ajudam a “vencer a solidão na vida das pessoas”, mas, o responsável enaltece “o contributo dos lares”, e pede o “reforço com novos meios humanos e materiais, a começar pelo imprescindível acréscimo das comparticipações do Estado”.

“Os lares precisam de se especializar nas respostas que dão para atender as diferentes tipologias de fragilidades dos que os procuram. Como constatamos, há muito que eles desempenham funções de verdadeiros hospitais de retaguarda”, reconhece.

D. Manuel Felícia indica ainda que a “solidariedade” é outra mensagem que se pode ler neste tempo de Natal, numa altura em que “no mundo global, cresce a distância entre ricos e pobres, o número dos pobres continua a aumentar, o drama dos migrantes e refugiados não para”.

“As nossas comunidades, para além dos lares já referidos, os hospitais e as prisões continuam a ser grande desafio à nossa obrigação de cuidarmos bem uns dos outros”, sublinhou.

O bispo da Guarda afirmou o “direito e o dever” que as famílias têm de “acompanhar os seus doentes”, mostrando que “a doença não tem de ser exclusão, mas antes oportunidade de reencontro de cada um consigo mesmo e com os outros”.

Em conversa com os jornalistas, D. Manuel Felício pediu para os diocesanos não se afastarem dos reclusos que cumprem pena nos quatro estabelecimentos prisionais da região, falando de uma “responsabilidade da sociedade” em ajudar a fazer do tempo de reclusão “tempo de recuperação e não de aumento de traumas”.

“Há quatro estabelecimentos prisionais cujos reclusos que estão impedidos de ter visitas há muito tempo. Espero que antes do Natal possa ir a cada um deles deixar uma mensagem dirigida aos que estão em liberdade limitada mas também às famílias e à sociedade”, indicou.

O responsável espera que a pandemia não “afaste as pessoas da solidariedade”, tendo já deixado marcas na formação na fé.

Somos desafiados à inovação e criatividade. Os responsáveis pelas comunidades têm uma exigência: as famílias estão menos connosco, mas temos de as assistir, propondo caminhos de aprofundamento de fé e valores a transportar, momentos de oração e formação, sem esperar que venham ao nosso encontro”.

D. Manuel Felício afirmou a obrigação de “cuidar uns dos outros”.

Perante o aumento de pedidos de ajuda – “na Covilhã, há uma procura três vezes superior e na Cáritas dobrou a procura de bens de primeira necessidade, vestuário e alimentos” – o bispo da Guarda reconhece a generosidade das pessoas e indica que a solidariedade “é decisiva no caminho para a plena inclusão”.

O bispo da Guarda espera que “este Natal” e com a “reorganização diocesana em curso”, possa ser uma oportunidade para “reforçar a proximidade entre as pessoas” na diocese e “estimular a comunhão entre as comunidades”.

“Estamos convencidos de que este é um processo que em muito contribuirá para desfazer solidões e promover a desejada plena inclusão. Dele faz parte a partilha que o Natal recomenda: partilha de bens materiais, mas igualmente de valores pessoais, de saberes e do próprio tempo”, sublinha.

Com o “plano trienal” diocesano focado nas famílias e nos jovens, D. Manuel Felício pediu “redobrado empenho no exercício da vocação de defesa e promoção do amor e da vida”, combatendo “isolamentos e abandonos”.

“Aos nossos jovens, que preparam, com entusiasmo e em jeito de missão, a próxima Jornada Mundial da Juventude, queremos dizer que, sem a sua participação ativa, nunca poderemos chegar à desejada renovação da Diocese”, indicou.

Aos jornalistas o bispo da Guarda assegurou a realização da Missa do Galo na Sé mas afirmou que o horário ainda não foi acertado com os párocos.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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