A cidade de Ponta Delgada acolhe este fim-de-semana as festas do Espírito Santo, que incluem as sopas oferecidas à população e visitantes, uma tradição que deverá servir entre 10 a 12 mil refeições este sábado. Promovidas pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, as festas incluíramm, na sexta-feira, a bênção das despensas da carne e do pão, a procissão da mudança da Bandeira e a iluminação da Coroa do Espírito Santo, nas Portas da Cidade. Para sábado está previsto que 22 carros alegóricos e 19 de bois percorram a baixa da maior cidade açoriana, num desfile etnográfico que vai incluir, ainda, a participação de grupos de folclore e das chamadas folias do Espírito Santo. No mesmo dia, o campo de São Francisco, uma das maiores praças da cidade açoriana, deverá receber milhares de pessoas para as tradicionais sopas do Espírito Santo, confeccionadas com pão e carne, uma refeição que inclui ainda uma sobremesa de arroz-doce à moda antiga. As festas, que se realizam pelo terceiro ano consecutivo depois de duas décadas de interregno, serão presididas pelo Bispo dos Açores, D. António Sousa Braga, que celebrará a missa campal de Coroação no domingo, no adro da Igreja Matriz. Festas do Espírito Santo Os festejos populares do Espírito Santo, entre os açorianos, dentro e fora dos Açores, são consequência de uma das mais bem sucedidas inculturações litúrgicas, na vivência das gentes vindas de diversos povos, aglutinados na Fé Cristã. São a pedra de toque, bebidas nas raízes da prática cristã do Amor a Deus traduzido nos pequenos gestos do Amor ao próximo. Graças às missões populares dos Franciscanos, que, no povoamento destas Ilhas, deixaram marcas profundas no coração dos pobres e humildes, que não decoram a teologia dos compêndios, mas percebem nitidamente o essencial da alegria, da partilha fraterna e da Bondade divina, continuada nas Obras de Misericórdia. Quando há dezassete anos a então Acção Católica Rural de Santa Bárbara das Nove Ribeiras lançou a Primeira Semana Juvenil do Espírito Santo, fê-lo com a missão de transmitir aos mais novos os valores, que os nossos festejos do Espírito Santo fazem emergir. Felizmente muitos outros grupos pegaram seguiram-lhes as pisadas e, hoje, vemos Casas do Povo, Centros de Convívio, Grupos de Jovens, Escolas e a própria Misericórdia, apostados na vivência da convivialidade das pessoas, na alegria do encontro e na comensalidade dos que partilham o pão e a carne da mesma refeição fraterna. Alguns conseguem conjugar com graciosidade os terços do Espírito Santo, com a palavra oportuna de uma catequese acessível às diversas idades, sobre o modo de ser e de viver dos cristãos. Mais importantes do que os Triatros do Divino, são os corações dos fiéis que se abre aos dons do Espírito Santo. Padre Francisco Dolores, in «A União»