Fátima: Migrantes, refugiados, pobres e deslocados à força, «todos têm direito à festa» – D. José Traquina

Peregrinação de agosto leva ao Santuário a realidade dos migrantes durante a 48.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica até ao dia 16

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 13 ago 2020 (Ecclesia) – D. José Traquina lembrou hoje a situação dos “milhões de pobres” e os “milhões de refugiados” que fogem, “os migrantes” que são “explorados” e os deslocados à força, dizendo que “todos têm direito” a celebrar a vida.

“Os homens e mulheres que eram como ovelhas sem pastor, são hoje os atuais milhões de pobres em todo o mundo, os milhões de refugiados que têm de fugir como Jesus para terem vida, os migrantes que, por desconhecimento das formas legais de emigrar, são explorados por contrabandistas e traficantes, os milhões de pessoas deslocadas forçadamente dentro do seu próprio país, por falta de segurança. Todos estes têm direito à festa nupcial”, afirmou o Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social e Mobilidade Humana que preside às celebrações em Fátima, por ocasião da peregrinação de agosto.

O bispo de Santarém partiu do relato do Evangelho, lido na Eucaristia, onde é descrito o episódio da festa de casamento em Caná da Galileia, para afirmar que sendo a festa um sinal de “alegria comunitária” que “dá sentido à vida humana”, todos têm o direito a participar na festa “convocada por Deus”.

“A festa é a convergência e a celebração comunitária em alegria que dá sentido à vida humana. Sem convívio, sem festa, a vida humana torna-se difícil. Para muitas pessoas, a Igreja é reconhecida pela dimensão da festa: festas nas etapas da vida cristã ou ao ritmo do calendário litúrgico”, recordou.

D. José Traquina lamentou que a pandemia do Covid-19 tenha limitado a convocação de festas e convívios mas fez notar que a situação “acentuou” a consciência de que grande parte das festas populares tem a sua origem na Igreja e , o cancelamento das celebrações fez promover “sinais essenciais”.

“Uma eucaristia bem preparada, a imagem do padroeiro evidenciada, uma mensagem e uma lembrança partilhada para registar a festa celebrada em tempos de pandemia. E com isto, ressaltou o essencial: a alegria da Fé e da vida”, sublinhou.

Para D. José Traquina a Igreja nasce “como grande sinal do convite de Deus” e da festa “no reino de Cristo”.

A vida, indicou, “está marcada pela necessidade da Festa, tendo o vinho novo em qualidade e abundância, o significado da alegria da fé que Jesus quer na vida humana”.

O presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social e Mobilidade Humana convidou os peregrinos no santuário de Fátima a permanecer no “amor indestrutível” que é celebrado em cada Eucaristia, “o grande sacramento da Igreja que suscita e alimenta o zelo apostólico e a prática da caridade”.

“A mulher que estava revestida de sol, é interpretada como a figura de Nossa Senhora ou a figura da Igreja. Será este o sol, a luz que brilhava em Nossa Senhora quando aqui apareceu aos Pastorinhos, luz que ardia no peito dos pastorinhos como no coração dos discípulos de Emaús. É esta Luz que vence as trevas e que, unidos a Nossa Senhora, somos convidados a seguir e a servir”, afirmou.

O bispo de Santarém desejou ainda que Nossa Senhora, “conforto dos migrantes” possa “acompanhar e interceder por todos os que buscam um futuro de vida com maior Luz e onde seja possível a festa da vida”, finalizou

Nesta Eucaristia acontece a tradicional oferta de trigo pelos peregrinos da Diocese de Leiria-Fátima, de outras dioceses de Portugal e do estrangeiro, sendo um gesto que acontece na apresentação dos dons da missa que recorda a quarta aparição de Nossa Senhora aos Santos Francisco e Jacinta Marto e à sua prima a Irmã Lúcia.

Esta tradição celebra-se desde 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da Diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima.

LS

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Agência ECCLESIA

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