Covid-19: Secretário-geral das Nações Unidas apela à solidariedade na pandemia, que «não é apenas uma emergência de saúde global»

António Guterres reitera «profunda gratidão ao Papa Francisco pelo seu apoio» ao cessar-fogo e ao trabalho da ONU

Cidade do Vaticano, 26 mai 2020 (Ecclesia) – O secretário-geral Organização das Nações Unidas, António Guterres, afirmou “profunda gratidão ao Papa” pelo seu apoio e apelou à solidariedade na pandemia, que “não é apenas uma emergência de saúde global”.

“O número de pessoas pobres poderá aumentar para 500 milhões – o primeiro aumento em trinta anos”, disse António Guterres, em entrevista ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.

Para o secretário-geral Organização das Nações Unidas a pandemia “deve ser uma campainha de alarme”, as ameaças globais mortais “exigem uma nova unidade e solidariedade”, e a retoma “oferece oportunidades” para conduzir o mundo por um “caminho mais seguro, mais saudável, sustentável e inclusivo” e também deve “caminhar ao lado da ação pelo clima”.

“Chegou o momento de sermos determinados. Determinados a derrotar a Covid-19 e a sair da crise, construindo um mundo melhor para todos”, afirmou.

António Guterres lembra que, desde o início desta crise, tem apelado à “solidariedade entre sociedades e países” porque a resposta deve “basear-se nos direitos humanos e na dignidade humana” e está “particularmente preocupado com a falta de solidariedade adequada” aos países em vias de desenvolvimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e todo o sistema das Nações Unidas estão “plenamente mobilizados para salvar vidas, prevenir a carestia, aliviar a dor e planear a retomada” e a ONU definiu um plano de resposta humanitária global de “7,6 mil milhões de dólares para as populações mais vulneráveis”, incluindo os refugiados e as pessoas deslocadas internamente, até agora, “os doadores ofereceram quase um bilião de dólares”.

O secretário-geral da ONU referiu também que exortou às instituições educativas “a concentrarem-se no alfabetismo digital” e aos meios de comunicação social, “especialmente as sociedades de informação”, a “denunciar e eliminar conteúdos racistas, misóginos ou danosos”, alertando para o “aumento das teorias da conspiração e dos sentimentos xenófobos”, nas últimas semanas, com ataques a “jornalistas, profissionais da saúde ou defensores dos direitos humanos”.

“Presto homenagem aos jornalistas e a quantos controlam a informação, face à grande quantidade de histórias e publicações enganosos nas redes sociais”, acrescentou, assinalado a iniciativa das Nações Unidas ‘Verified’ para “fornecer às pessoas informações precisas e baseadas em factos”.

Para António Guterres, os líderes religiosos “têm um papel crucial” na promoção do “respeito recíproco” nas suas comunidades e não só porque “ocupam uma posição adequada para desafiar mensagens inexatas e prejudiciais”.

Na entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, publicada hoje, o secretário-geral da ONU reitera a “profunda gratidão ao Papa Francisco pelo seu apoio” ao apelo global de cessar-fogo e “ao trabalho das Nações Unidas”.

“O seu compromisso global, a sua compaixão e os seus apelos à unidade reafirmam os valores fundamentais que norteiam o nosso trabalho: reduzir o sofrimento humano e promover a dignidade humana”, explicou o responsável português, fazendo também um “apelo à paz doméstica”.

António Guterres alertou para o “aumento preocupante da violência contra as mulheres e as jovens” e pede aos governos, à sociedade civil, e a quantos no mundo podem ajudar, “que se mobilizem para proteger melhor as mulheres” e pede também aos líderes religiosos de todos os credos que “condenem inequivocamente todos os atos de violência contra mulheres e jovens, e defendam os princípios fundamentais da igualdade”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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