Setúbal: «Ninguém vai ficar sem resposta» – Cáritas Diocesana de Setúbal (c/vídeo)

Aumento de refeições distribuídas, ajuda no pagamento de contas e respostas crescentes a pessoas em situação de sem-abrigo é o dia a dia da instituição que receia não ter fundos para ajudar

Setúbal, 17 mai 2020 (Ecclesia) – O presidente da Caritas Diocesana de Setúbal disse que na diocese “ninguém vai ficar sem resposta”, mesmo que o fundo a que recorrem “fique sem verba”, face ao aumento de pedidos de ajuda que têm recebido.

“Internamente assumimos um compromisso: nunca ninguém ficará sem resposta mesmo que o fundo se esgote e vai esgotar-se, lá para junho. Mesmo que se tenha de recorrer a custos da Cáritas diocesana”, afirmou António Sousa, presidente da instituição de ação social da Igreja católica.

O responsável dá conta de um “aumento agressivo” de pedidos de ajuda, perante “o fecho da restauração”, os “problemas associados ao turismo”, o desemprego provocado: “de 300 refeições diárias que dávamos, hoje temos mais 400 ou 500 por dia, isto sem existir revisões de acordos ou comparticipação acrescidas, até porque não podemos esperar por isso, as pessoas têm de comer no momento”.

António Sousa fala numa “boa relação com a Segurança Social, com a autarquia, as Juntas de freguesia”, dá conta de um reforço agendado por parte do governo para os meses de junho e agosto e uma “celeridade” na gestão de processos estatais para que “as pessoas não percam verbas” de ajuda mas regista que “as necessidades são no momento e as respostas são dilatadas no tempo. Há trâmites burocráticos que tem de ser seguidos e isso dificulta resolução dos problemas”.

O acordo estabelecido é que a Cáritas diocesana “avança com as verbas” e aguarda o ressarcimento da Segurança Social, indica; no entanto, os fundos a que têm recorrido têm um limite.

Temos um programa que vem na linha do antigo fundo social solidário, da Cáritas, que daria muito jeito às dioceses. Mantivemos esse fundo, mas apenas na diocese. Por via desse fundo damos apoio às paróquias, para pagamento de contas e medicamentos. Mas o fundo está a esgotar-se. Alimentamo-nos do peditório nacional da Cáritas, que este ano não se fez, também dos ofertórios do dia nacional da Cáritas, que não se fez igualmente, e também de 65% do lucro da venda das velas da campanha «10 milhões de estrelas»”.

António Sousa dá conta de que a “mitigação dos problemas alimentares” tem sido conseguido “grandemente pela resposta das paróquias”.

“As comunidades têm reagido de forma extraordinária para responder a pedidos de ajuda alimentar, mas temo que as pessoas se cansem. Reagir nos tempos imediatos, sob os efeitos de uma situação complicada que a todos toca e sensibiliza, é uma coisa; ter a resiliência para aguentar este nível de ajuda durante três meses, e será necessário mais… temos receio que as coisas se compliquem”, regista.

Outro problema que decorre da crise provocada pela pandemia de Covid-19 é as pessoas em situação de sem-abrigo.

“Estamos a ter pressões muito elevadas no que respeita a situações de pessoas em situação de sem abrigos. Na Cúria estão, por cedência da diocese, um número de pessoas superior ao número de pessoas em situação de sem abrigo que apoiávamos e que tinham dormida permanente na Cáritas”, esclarece.

António Sousa explica que se tratam de pessoas que estavam “dispersas pela cidade, em instalações sem segurança mas estão informadas”, no entanto, ao perceberem “os rumores e perigos”, apareceram na Cáritas, “pois não tinham condições de salubridade e apoio”.

“Quando respondemos às pessoas em situação de sem-abrigo não lhes damos só teto, há outras respostas: refeições, banhos, vestuário lavado, teve de haver reforço de pessoal”, regista.

A diocese fez um levantamento do numero de famílias, abrangidas no seu território, que estão a ser ajudadas quer conferencias vicentinas, grupos de ação social, Cáritas paroquiais e António Sousa fala em números “perplexos”.

“Ultrapassaram as 13 mil pessoas apoiadas por instituições de Igreja, o que perfaz mais de quatro mil famílias. Mas serão mais… devem andar pelos 14 ou 15 mil”, indica

Agir de forma “coordenada”, manter o “rigor, a transparência e a verdade” a que as pessoas estão habituadas a reconhecer na Caritas é o objetivo deste trabalho.

“Que ninguém se vanglorie nos números que servem para conhecer a realidade do trabalho social que cada uma das paróquias e a diocese realiza”, manifesta o responsável que indica outro número revelador da solidariedade na diocese.

“Estamos paralelamente a perceber o número de voluntários da diocese e estamos em cerca de 600 e isto é muito expressivo. Os jovens estão a aproximar-se muito dos grupos de ação social paroquiais, aparecem, oferecem-se. Isto é profético e vai resultar num rejuvenescimento dos grupos paroquiais e em novas respostas. São uma riqueza enorme que importa registar”, finaliza.

HM/LS

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