André Costa Jorge assinala que cristãos europeus devem estar «na resposta acolhimento»
Lisboa, 23 jan 2020 (Ecclesia) – O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), que coordena a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, afirmou que a unidade dos cristãos “também se faz através das obras e da ação concreta no terreno”, onde sentem que “existe comunhão”.
“[Comunhão] não só dentro das várias instituições religiosas católicas que colaboram no acolhimento a refugiados mas também todas as organizações religiosas e não religiosas, sentem o mesmo espírito, a mesma disponibilidade para esta missão”, disse André Costa Jorge.
No hemisfério norte, várias Igrejas Cristãs estão a viver a Semana de Oração pela Unidade, até sábado, que está a recordar os migrantes e refugiados vítimas de naufrágios no Mediterrâneo, com o tema ‘Trataram-nos com uma amabilidade fora do comum’.
“Nesta semana, esta visão que se é possível trabalhar em conjunto nesta causa em primeiro lugar humana, de resposta ao sofrimento humano, não encontramos divisões”, acrescentou.
Neste contexto, o diretor-geral do JRS Portugal deu como exemplo a ação que desenvolvem na Grécia, onde “a maioria da sociedade é Ortodoxa”, ou noutros contextos na Europa “onde a sociedade não é católica”, como no norte do continente, que “tem sido um trabalho que tem resultado ao longo dos últimos anos, bastante positivo”.
A reflexão para o Oitavário 2020, proposta pelas comunidades cristãs do arquipélago maltês, parte do relato bíblico do naufrágio de São Paulo (século I), que o levou até à ilha de Malta, onde, segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, foi tratado com “invulgar humanidade”.
“Há algum paralelismo, por boas e más razões, as boas razões é que naufragar e ser acolhido é sempre positivo”, observa André Costa Jorge que não quer “ser injusto” com as populações das ilhas gregas, de Malta e mesmo as populações italianas que “têm sofrido maior impacto com as deslocações por uma questão geográfica”.
O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados/Portugal assinala que “não é tanto nas comunidades locais que existe alguma resistência” ao acolhimento dos migrantes que tentam atravessar o mar Mediterrâneo, mas “na resposta europeia mais amplo”, e exemplifica com o que o Papa Francisco fala sobre esta matéria.
“A Igreja está toda convidada a esse apelo que o Papa tem lançado, a abrir as portas e acolher aqueles que batem à porta, como são Paulo foi acolhido, como Jesus foi acolhido, a Igreja é chamada a ser”,
André Costa Jorge contextualiza que o que o Papa Francisco “tem chamado à atenção e dando o exemplo, um porta-voz das dificuldades e da complexidade do acolhimento de refugiados”, que a Europa “deve estar unida” na resposta e os cristãos europeus, em primeiro lugar, “nessa resposta como parte de ser cristãos”.
Neste contexto, recordou também que o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, também referiu que não se pode “ao mesmo tempo anunciar o reino e anunciar uma Igreja aberta” e não ser capaz de acolher.
O JRS publicou o ‘Livro Branco’, sobre os direitos dos imigrantes e dos refugiados em Portugal, que pretende ser “uma radiografia dos problemas que os migrantes e os refugiados encontram” no país, com um “conjunto de áreas criticas” que, segundo André Costa Jorge, pretende ser “um documento de trabalho com respostas para aqueles que têm responsabilidades nesta matéria – decisores políticos e organismos públicos – possam dar resposta de forma positiva”.
HM/CB
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