Natal: A participação nas Missas do Parto é «transversal a toda a sociedade madeirense» – Bispo do Funchal (c/vídeo)

D. Nuno Brás diz que está a ser «muito interessante» viver esta novena e afirma o seu «potencial pastoral», mais do que «turístico»

Funchal, 17 dez 2019 (Ecclesia) – O Bispo do Funchal disse à Agência ECCLESIA que a participação nas Missas do Parto é “transversal a toda a sociedade madeirense” e referiu que podem acabar todas as tradições religiosas, mas esta não acaba.

“A Missa do Parto não acaba de certeza, porque os jovens vêm às Missas do Parto. É transversal a toda a sociedade madeirense, ricos e pobres, jovens e velhos, do norte ou do sul, de meio agrícola ou urbano”, afirmou D. Nuno Brás.

O bispo do Funchal refere que “não há sítio nenhum onde não haja Missa do Parto” e afirma que é necessário valorizar o “potencial pastoral” desta novena de preparação para o Natal.

“Não gostava de ver isto transformado num potencial turístico”, afirmou.

Para D. Nuno Brás, o potencial pastoral das Missas do Parto “está no facto de quase não haver nenhum madeirense” que, nestes nove dias, não participe numa das novenas de preparação para o Natal.

“A tradição não se tem perdido, antes pelo contrário, tem aumentado”, constatou o bispo do Funchal, valorizando a “verdadeira e intensa preparação” feita pelos madeirenses ao longo das celebrações das Missas do Parto.

“Trata-se de fazer com que o verdadeiro Natal chegue ao coração dos madeirenses, para além depois de todas as luzes e centros comerciais e todas as cantigas menos tradicionais até, embora mais comerciais”, acrescentou.

D. Nuno Brás está a presidir pela primeira vez às Missas do Parto como bispo do Funchal e considera uma forma “muito interessante” de preparar o Natal e “nada artificial”.

“É um caminho diferente de preparação do Natal, para conduzir ao Presépio: Nossa Senhora, que está grávida da Palavra de Deus, que é Jesus Cristo, conduz-nos a esse Jesus, o Menino do Presépio. Tudo isto é vivido num espírito muito próprio da Ilha, com cânticos próprios, mas muito intensos e muito vividos” descreveu.

“Se somos conduzidos à Páscoa através da meditação dos sofrimentos de Jesus, no Natal, aqui na Madeira, somos conduzidos ao Presépio pela Virgem Maria, Virgem do Parto, que, na esperança e na alegria, esperam o Salvador”, concluiu.

As Missas do Parto são uma tradição particular do Arquipélago da Madeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago.

A estrutura da novena, com a invocação ao Espírito Santo, o canto da Ladainha, o retrato da Senhora e a missa, onde também são entoadas loas à Virgem, ao seu parto e à alegria do nascimento de Jesus são formas de consolidar estar tradição.

Os cânticos permanecem os mesmos de pelo menos há um século, feitos em verso.

D. Nuno Brás, bispo do Funchal, preside a estas celebrações, pela primeira vez desde a sua chegada à diocese.

PR

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Agência ECCLESIA

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