Igreja: Papa diz que comissão sobre diaconado feminino foi inconclusiva

Francisco falou do tema com os jornalistas, no regresso da Macedónia, e descartou mudanças

Foto: Lusa

Lisboa, 07 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa disse hoje que a comissão de estudo sobre o diaconado feminino, que criou em 2016, foi inconclusiva, descartando mudanças no futuro imediato.

“Não há certeza de que a sua (mulheres) fosse uma ordenação com a mesma forma e com o mesmo propósito que a ordenação masculina. Alguns dizem: há dúvidas. Vamos continuar a estudar. Mas até agora não se avança”, referiu, em declarações aos jornalistas durante o voo de regresso ao Vaticano, desde a Macedónia do Norte.

A questão surgiu depois de, durante a viagem internacional, que passou pela Bulgária, ter havido contactos com comunidades ortodoxas que permitem a ordenação de diaconisas.

“A comissão foi criada, trabalhou por quase dois anos. Todos tinham opiniões diferentes, mas trabalharam juntos e concordaram até certo ponto. Cada um deles tem a sua própria visão, que não concorda com a dos outros, e aí pararam como comissão”, explicou Francisco, a respeito do trabalho que foi levado a cabo no Vaticano por teólogos e teólogas de vários países.

O Papa sustenta que há uma forma de conceber o diaconado feminino que difere do masculino.

“Por exemplo, as fórmulas de ordenação diaconal encontradas até agora não são as mesmas para a ordenação do diácono masculino, assemelham-se ao que seria hoje a bênção abacial de uma abadessa. Este é o resultado. Outros dizem que não, esta é uma fórmula diaconal”, relatou.

A comissão tinha sido anunciada a 12 de maio de 2016, durante um encontro de Francisco com a União Internacional de Superioras Gerais (UISG) de institutos religiosos femininos.

O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica.

Segundo o Papa, não existem dúvidas de que havia diaconisas no começo do Cristianismo, mas a questão está em determinar se “era uma ordenação sacramental ou não”.

Os estudos mostram que estas primeiras diaconisas assistiam na liturgia batismal de mulheres, que era por imersão, e eram chamadas para casos de disputa matrimonial para avaliar eventuais maus-tratos, mas Francisco sublinha que esta é uma situação limitada a uma área geográfica, especialmente a Síria.

“Aprendi todas essas coisas com a comissão, eles fizeram um bom trabalho e isso pode ser usado para ir em frente e dar uma resposta definitiva sobre o sim ou não. Ninguém diz isso agora, mas alguns teólogos há 30 anos disseram que não havia diaconisas, porque as mulheres estavam em segundo plano, na Igreja e não só na Igreja”, acrescentou o pontífice.

O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio.

O diaconado exercido por candidatos ao sacerdócio só é concedido a homens solteiros.

Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, como assistir o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.

OC

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Na viagem de regresso de Skopje, cidade natal de Madre Teresa, o Papa mostrou-se impressionado com a “mansidão e também a capacidade de acariciar os pobres” das Missionárias da Caridade, congregação fundada pela religiosa que se distinguiu pela sua missão em Calcutá.

“Hoje estamos acostumados a insultar-nos: o político insulta o outro, um vizinho insulta o outro, até na família nos insultamos. Não me atrevo a dizer que há uma cultura de insulto, mas é uma arma na mão, até mesmo falar mal dos outros, calúnia, difamação”, assinalou.

Francisco admitiu que tem resistido ao cansaço das viagens internacionais, considerando que isso “é um presente do Senhor”.

“Não vou a nenhuma bruxa”, gracejou.

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Agência ECCLESIA

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