Marrocos: «Ninguém pode ficar indiferente» perante sofrimento de migrantes e refugiados, diz o Papa

Francisco destaca importância do pacto global que foi assinado em Marraquexe

Rabat, 30 mar 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco encontrou-se hoje com um grupo de migrantes na sede da Cáritas Diocesana de Rabat, em Marrocos, junto dos quais afirmou que “pode ficar indiferente” ao seu sofrimento.

“São muitos milhões os refugiados e outros migrantes forçados que pedem a proteção internacional, sem contar as vítimas do tráfico e das novas formas de escravidão nas mãos de organizações criminosas. Ninguém pode ficar indiferente perante este sofrimento”, declarou, no final do primeiro dia da sua visita ao país africano, que se conclui este domingo.

Como acontecera no discurso inaugural desta viagem, Francisco recordou a Conferência Intergovernamental de Marraquexe, que em dezembro de 2018 ratificou a adoção do Pacto Mundial para uma Migração Segura, Ordenada e Regular.

“Não podemos esquecer que o progresso dos nossos povos não se pode medir apenas pelo desenvolvimento tecnológico ou económico”, advertiu, apelando ao acolhimento de quem “bate à porta”.

Como se torna deserta e inóspita uma cidade, quando perde a capacidade da compaixão! Uma sociedade sem coração… uma mãe estéril. Não estais marginalizados, mas no centro do coração da Igreja”.

A intervenção retomou os quatro verbos – acolher, proteger, promover e integrar – que têm marcado o discurso do Papa em matéria de migrações e proteção aos refugiados, desejando que estes sejam os “primeiros protagonistas e gestores em todo este processo”.

O Papa pediu um aumento dos canais regulares de migração, para combater o que denominou como “mercadores de carne humana”.

“As formas de expulsão coletiva, que não permitem uma gestão correta dos casos particulares, não devem ser aceites; ao passo que os percursos extraordinários de regularização, sobretudo nos casos de famílias e menores, se devem incentivar e simplificar”, acrescentou.

Francisco rejeitou qualquer tipo de discriminação e qualquer sentimento xenófobo, realçando, em seguida, a importância da integração dos migrantes na sociedade de acolhimento, assegurando a todos o “direito ao futuro”.

Num país com 25 mil católicos (menos de 0,1% da população), o Papa agradeceu aos membros da Cáritas pelo seu trabalho em favor das pessoas que chegam de outros países.

Francisco ouviu o testemunho de um migrante, que falou na importância de manter “a esperança e a fé”, agradecendo o acolhimento que recebeu no país do norte de África.

“Marrocos deu-me o valor de um homem livre”, declarou, na intervenção que antecedeu uma apresentação artística de cinco crianças.

Após deixar a sede da organização católica, o Papa segue para Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé), onde fica alojado em Marrocos.

A visita começou com uma série de encontros com o soberano local, Mohammed VI, junto do qual Francisco criticou discursos que promovem a “construção de barreiras” ou a “propagação do medo do outro”, considerando que Marrocos representa “um exemplo de humanidade para os migrantes e os refugiados”.

OC

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Agência ECCLESIA

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