Antigo arcebispo de Évora, falecido esta terça-feira, defendia uma informação marcada pela «humanidade»
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Lisboa, 21 mar 2019 (Ecclesia) – O cónego António Rego, antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, destacou hoje o legado que D. Maurílio de Gouveia deixou no setor da comunicação da Igreja Católica em Portugal.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o sacerdote e jornalista realça uma figura que enquanto presidente da Comissão Episcopal para as Comunicações Sociais, ao longo da década de 90, contribuiu decisivamente para a afirmação da Igreja Católica neste setor, através de uma liderança “serena” mas também “muito clara nos seus princípios”.
“Ele insistia sobretudo no aspeto humano, que a Igreja era uma comunicação de humanidade e por aí é que passava a sua evangelização”, salienta o cónego António Rego, que destaca também a facilidade com que D. Maurílio de Gouveia se relacionava com os media e o seu interesse em “ouvir aquilo que estava na praça da comunicação”.
“D. Maurílio tinha uma grande capacidade para ouvir opiniões, também de dizer as suas, e uma grande tolerância, não era um homem de exigências abstratas mas do concreto”, frisa o sacerdote.
Na hora de olhar para o percurso de D. Maurílio de Gouveia à frente da comunicação da Igreja Católica no país, o cónego António Rego lembra ainda o empenho que o antigo arcebispo de Évora, falecido esta terça-feira aos 86 anos, teve na dinamização da “imprensa regional ou diocesana cristã”, no incentivo à “criação de meios próprios”.
“Não nos esqueçamos que a Agência ECCLESIA surge exatamente para isso, para estimular e não para substituir os trabalhos a nível diocesano ou paroquial. Era um ponto em que D. Maurílio insistia e em que nós trabalhámos, e penso que com algum êxito”, considera aquele responsável.
Ao longo dos anos em que presidiu à Comissão Episcopal para as Comunicações Sociais, D. Maurílio de Gouveia assinou a constituição, a 13 de julho de 1993, em Évora, da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC).
O arcebispo alentejano presidiu também à celebração de inauguração da sede da AIC, a 24 de janeiro de 1996, dia de S. Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.
A organização que tutela as publicações regionais e diocesanas de inspiração cristã em Portugal já reagiu à morte de D. Maurílio de Gouveia, dando conta do seu “profundo pesar” pelo desaparecimento de uma figura que “sempre esteve ligada à comunicação social”.
“Lamentamos o falecimento de mais um amigo e enviamos as mais profundas condolências aos seus familiares e amigos”, refere a AIC, numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Na altura em que veio para Lisboa, D. Maurílio de Gouveia já tinha experiência no campo da comunicação, enquanto diretor do Jornal da Madeira.
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“Ele era um homem sobretudo com uma sensibilidade humana pessoal muito grande, mais do que um grande organizador tecnocrata, ele convidava as pessoas com um sorriso e aí ia dizendo aquilo que pensava e o projeto que tinha sobre a comunicação da Igreja”, salienta o cónego António Rego.
Foi D. Maurílio de Gouveia quem convidou o cónego António Rego a assumir a direção do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, cargo que já tinha desempenhado durante alguns anos, mas que tinha deixado para trabalhar na TVI.
Para o sacerdote e jornalista, com a morte de D. Maurílio de Gouveia parte sobretudo “um amigo” e “um irmão”.
“Ele era uma autoridade, era meu superior na matéria, mas falávamos quase como colegas, como irmãos. Até nas nossas discordâncias encontrávamos pontos comuns que tinham a ver com as linhas fundamentais que iam chegando da Igreja para a comunicação social, da análise dos diversos documentos, e de uma difusão clara por todo o país do que se estava a fazer na Igreja nesses momentos”, conclui o cónego António Rego.
Durante o seu ministério, D. Maurílio de Gouveia presidiu também à Comissão Episcopal para o Apostolado dos Leigos.
D. Maurílio de Gouveia, arcebispo emérito de Évora, faleceu na tarde desta terça-feira no Eremitério de Maria Serena, em Gaula (Concelho de Santa Cruz), na Diocese do Funchal, com 86 anos de idade, na sequência de uma doença prolongada.
O funeral de D. Maurílio de Gouveia realiza-se esta sexta-feira em Évora, com a oração das Laudes pelas 10h00, na Catedral local, seguida de Missa exequial às 15h00 presidida pelo arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.
O cortejo fúnebre segue depois para a Igreja do Espírito Santo em Évora, onde decorrerá a encomendação e a sepultura dos restos mortais de D. Maurílio de Gouveia, no Panteão dos Arcebispos.
JCP