Natal: «As pessoas são mais religiosas por si» – Cardeal-patriarca (c/vídeo)

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Clemente fala da verdade do Presépio, da fragilidade das instituições, analisa alguns acontecimentos que marcam o fim de 2018 e projeta o ano de 2019

Lisboa, 24 dez 2018 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse em entrevista à Agência ECCLESIA que o Presépio impôs-se pela “verdade que trazia”, afirmou a necessidade de maior transparência na Igreja Católica e referiu que as pessoas são “menos institucionais” na prática religiosa.

“As pessoas não são menos religiosas, mas são mais religiosas por si. Ou seja, menos institucionais nessa prática religiosa”, referiu D. Manuel Clemente.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, a fragilidade das instituições não leva à fragilidade no fator religioso na sociedade, mas muda a maneira de o “viver, conviver e transmitir” e obriga a uma maior transparência.

“Obriga-nos a ser mais convictos do que queremos, mais compreensivos de como estas realidades se transmitem. E onde entra o fator institucional, ele tem de ser cada vez mais convicto e transparente”, afirmou.

“A única maneira destas coisas prosseguirem, mesmo num tempo tão desinstitucional como é o nosso, é a convicção dos que se mantêm”, acrescentou.

D. Manuel Clemente defendeu que “não são as lideranças institucionais clássicas” que convencem, mas  a presença pública deve ser “protagonizada por cada cristão e por cada cristã”, em sociedade, “por quem vive a sério aquilo que está a dizer”.

O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembrou que Jesus nasceu e cresceu em lugares escondidos e não nos locais centrais do Império Romano de então, disse que “a grande discrição do Natal é a humildade de Deus” e o que o tornou tão relevante foi “a verdade que trazia”, o que constitui um desafio para os cristãos “todos os dias”.

“É tudo tão a partir da periferia que só a grande verdade, a absoluta verdade que trazia acabou por se tornar convincente”, sublinhou.

Na entrevista emitida no programa Ecclesia deste dia 24 de dezembro, na RTP2, o cardeal-patriarca refere-se também às Jornadas Mundiais da Juventude e à “força” que adquiriram para a Igreja Católica e diz que vai ser necessário esperar pela decisão do Papa, no Panamá, para saber onde se vão realizar as seguintes.

“Foi noticiado que Lisboa se candidatou e a candidatura está lá. Não foi a única que apareceu e, por isso, o Papa que decida”, afirmou.

D. Manuel Clemente comenta ainda o ano de eleições que se aproxima, esperando que os diferentes atos eleitorais “não tenham grandes abstenções”, nomeadamente o europeu onde a falta de comparência dos eleitores pode preencher o Parlamento “com deputados anti-europeus”.

O cardeal-patriarca comentou o número crescente de greves na sociedade portuguesa, lembrando que é necessário “conjugar direitos” de quem está insatisfeito e tem o direito de se manifestar com outros direitos.

“Por exemplo, no caso das pessoas que trabalham na área da saúde: têm os seus direitos, lutam por eles, e há também os direitos dos utentes, das pessoas que têm doenças e precisam de ser assistidas. E é preciso conjugar esses direitos”, explicou D. Manuel Clemente.

A entrevista ao cardeal-patriarca é emitida na RTP2, na véspera do Natal, pelas 15h00.

PR

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Agência ECCLESIA

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