Mensagem de Natal 2018 do bispo de Vila Real

A Descida e Vinda do Filho de Deus, para nossa salvação

Caríssimos Padres, Diáconos, Seminaristas, Religiosos, Leigos, Jovens e Adultos:

Aproxima-se a Festa do Nascimento de Jesus, que pouco diz a quem trocou o Menino Jesus pelo Pai Natal e pelo consumo desenfreado dos prazeres do mundo secularizado, agnóstico, indiferente e egoísta. O Natal perdeu a conotação religiosa, com o Filho de Deus feito homem. O eclipse de Deus trocou a adoração de Jesus pelo dinheiro, pelos bens materiais, pelo espectáculo e pelo brilho efémero das coisas terrenas.

Este Natal é, de certo, o último, como Bispo de Vila Real e, por isso, peço para serdes fiéis à vocação a que fostes chamados, de fé e esperança, no Filho de Deus, que fez de nós filhos e herdeiros do Reino de Seu Pai. Permanecei firmes, na fé e na esperança, e activos, na caridade, sem terdes vergonha de Cristo, que nasceu, morreu e ressuscitou, para nossa salvação. Em resposta, à vinda e descida do Filho de Deus, que encarnou e se fez homem, peço para serdes arautos do anúncio vivo do Ressuscitado. Como disse Bento XVI aos jovens: “não tenhais medo de Cristo porque Ele nada vos rouba, mas tudo vos dá e assegura”. Já o Papa S. João Paulo II, no início do pontificado pediu: “Não tenhais medo. Abri as portas a Cristo, antes escancarai-as”.

1.- No Ano Missionário, o lema é:“todos, tudo e sempre em missão”. A Missão é nota constitutiva da Igreja evangelizada e evangelizadora e fruto das Missões Divinas do Filho e do Espírito, que brotam da fonte do amor do Pai. O Filho de Deus fez-se carne, passou fazendo o bem, morreu e ressuscitou, venceu o pecado e a morte, sendo nosso Modelo, Mestre e Referência Suprema. Por sua vez, o Espírito Santo é o dom do Pai e do Ressuscitado, para anúncio do Evangelho, e é a alma da Igreja, vivendo, no nosso coração, como num templo. O Espírito é o cordão umbilical e o Amor em Pessoa, na Trindade Santíssima. É Ele que derrama o amor nos corações, para ser comunicado e ateado e conquistar todas as criaturas, para o conhecimento e amor de Jesus Cristo.

Peço, Irmãos caríssimos, Padres, Religiosas e Leigos, que vivais santamente, no amor e façais a vontade de Deus. Cristo conta convosco e espera muito de vós. Ninguém fique de fora, nem deixe de fazer a vontade de Deus e de O glorificar. Somos chamados a evangelizar, a amar e crescer, na santidade, segundo o mandato de Deus: “sede santos como Eu sou santo”. O programa é obedecer a Deus, fazendo a Sua vontade, porque, como diz S. Paulo, “a vontade de Deus é a vossa santificação”.

O símbolo da Porta do Ano Missionário abre ao horizonte da missão universal e mostra a importância e a necessidade dos agentes evangelizadores e comunicadores da fé em Cristo. A visão de Tróade (Act 16,9-10) levou Paulo a passar à Macedónia, abrindo a porta ao anúncio de Jesus Cristo, na Europa. Do mesmo modo, o ardor missionário e a necessidade de levar o Evangelho de Cristo a todos, contribuirá para a evangelização e santificação do mundo e para o conhecimento do amor de Jesus Cristo Filho de Deus. “Há caminhos não andados que esperam por alguém”.

Há que preparar os agentes evangelizadores, os arautos da Boa Nova de Jesus Cristo. Há que inovar, que arregaçar as mangas e encontrar maneiras novas e nova linguagem e os processos de cativar as pessoas, para o conhecimento e o amor de Deus, que se manifesta em Jesus Cristo e nos santifica e molda interiormente, pelo Seu Espírito.

2.- Estamos a preparar a Celebração do Centenário da Criação da Diocese, que ocorre a 20 de Abril de 1922. Há que sonhar, arquitectar e implementar estudos, celebrações e acções de catequese e evangelização, nas Paróquias e nos Arciprestados, com novos processos, nova linguagem e novo ardor, em ordem à construção da Igreja Diocesana, feita de pedras vivas, ou seja de cristãos convertidos e inteiramente fiéis e conformes à imagem de Jesus Ressuscitado. Convido as Crianças, os Jovens e os Adultos de todas as idades a empenharem-se, na obra da construção da Igreja Diocesana, em que cada um de nós é, e deve ser, uma pedra viva do Templo do Senhor Ressuscitado.

Há que formar Leigos, apostar neles, confiar-lhes as missões a que são chamados e, para as quais estão, naturalmente, capacitados e predispostos. A Diocese esvazia-se. A população diminui. A mobilidade traz problemas. A pertença à comunidade paroquial e diocesana ressente-se disso. Os Padres são cada vez menos. É preciso rezar e pedir trabalhadores para a seara do Senhor, mas há que acordar para a nova evangelização dos poucos que somos, espevitando o ardor missionário, indo às periferias, para levar o tesouro do Evangelho aos homens e mulheres de hoje, à imitação dos Magos que, guiados pela estrela, foram adorar e levar os seus dons ao Menino Jesus.

Como os Pastores de Belém, que obedeceram ao coro dos Anjos e foram ao Presépio, e, como Maria Santíssima, que obedeceu, foi fiel e acreditou em tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor, assim cada um de nós se abra à vontade de Deus e se predisponha a pô-la em prática, indo anunciar, como a Mãe de Deus e como os Pastores, a alegria do amor do evangelho de Jesus Cristo Salvador.

Assim, o Natal terá eco, nas nossas vidas, a vontade de Deus será cumprida, a Palavra de Deus será escutada e posta em prática. A Palavra de Deus está sempre à espera da nossa resposta de obediência, compromisso e missão. Se obedecermos e colhermos a mensagem do Natal, a razão de Deus encarnar e se fazer um de nós, testemunharemos que não foi em vão que o Filho de Deus veio, para nos dar a vida e nos servir e salvar, nascendo da Virgem Maria, fazendo o bem, morrendo e ressuscitando por nosso amor.

A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja convosco” (2 Cor. 13,13), com a protecção da Virgem e dos Santos. Amen.

+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real.

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