Rei do amor e da verdade
Jesus Cristo é Rei e Senhor do Universo. É a afirmação central da Solenidade deste último domingo do ano litúrgico. O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, Jesus a assumir a sua condição de rei diante de Pôncio Pilatos. Ele é rei e recebeu de Deus “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra.
Somos hoje convidados, antes de mais, a descobrir e interiorizar esta realidade: Jesus, o nosso rei, é princípio e fim da história humana, está presente em cada passo da caminhada dos homens e conduz a humanidade ao encontro da verdadeira vida.
Os grandes líderes das nações são, frequentemente, pessoas com uma visão muito limitada do mundo, que nem sempre se preocupam com o bem da humanidade e que conduzem as suas políticas de acordo com lógicas de ambição pessoal ou de interesses particulares. Sem desânimo, sabemos que Cristo é o nosso rei, que preside à história e que, apesar das nossas falhas, continua a caminhar connosco e a apontar-nos os caminhos da salvação e da vida.
Jesus apresenta-Se aos homens sem qualquer ambição de poder ou de riqueza, sem o apoio dos grupos de pressão que fazem os valores e a moda, sem qualquer compromisso com as multinacionais da exploração e do lucro. Ele apresenta-se só, indefeso, prisioneiro, armado apenas com a força do amor e da verdade. Não impõe nada; só propõe às pessoas que acolham no seu coração uma lógica de amor, de serviço, de obediência a Deus e aos seus projetos, de dom da vida, de solidariedade com os pobres e marginalizados, de perdão e tolerância. É com estas armas que Ele vai combater o egoísmo, a autossuficiência, a injustiça, a exploração, tudo o que gera sofrimento e morte. É uma lógica desconcertante e incompreensível, à luz dos critérios que o mundo avaliza e enaltece.
A forma simples e despretensiosa como Jesus, o nosso Rei, Se apresenta convida-nos a repensar certas atitudes, certas formas de organização e certas estruturas que criamos. A comunidade de Jesus, a Igreja, não pode estruturar-se e organizar-se com os mesmos critérios dos reinos da terra. Deve interessar-se mais por dar um testemunho de amor e de solidariedade para com os pobres e marginalizados do que em controlar as autoridades políticas e os chefes das nações; deve preocupar-se mais com o serviço simples e humilde aos homens do que com os títulos, as honras, os privilégios; deve apostar mais na partilha e no dom da vida do que na posse de bens materiais ou na eficiência das estruturas.
A Igreja está a ser gravemente infiel à sua missão, se não testemunhar a mesma realeza eterna e universal de Jesus diante de Pôncio Pilatos, como rei da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz.
Manuel Barbosa, scj
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