No final da década de 70 a Igreja Católica fechava a porta da sacristia e abria uma janela sobre o mundo No final da década de 70 a Igreja fechava a porta da sacristia e abria uma janela sobre o mundo. A Televisão era o novo púlpito da Igreja onde esta se dava a conhecer e onde dava a conhecer o mundo. Desde então essa janela nunca mais se fechou. Já passaram 29 anos e ninguém lhe retira o recorde de longevidade na televisão portuguesa. É o programa mais antigo em exibição. 70×7 é da responsabilidade do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica nascido nos primeiros tempos de democracia (ver caixa). Percorreu três décadas e chega até hoje com os mesmos propósitos que lhe imprimiram no início o padre António Rego e Manuel Vilas-Boas: janela da igreja que se abre ao mundo e mundo que se coloca à janela pela mão da igreja. O 70×7 não quer ser apenas um programa cristão nas manhãs de domingo, quer ser, sobretudo, um programa realizado por quem tem um olhar cristão sobre mundo. 70×7 tanto navega ao lado dos pescadores mostrando a fé que levam e trazem do mar, como navega no ciber espaço ao lado de um grupo de estudantes de arquitectura que, na Second Life, tenta projectar espaços humanamente mais agradáveis. O 70×7 tanto entra no silêncio, na oração e no recolhimento de um convento de clausura como lhe mostra que por entre a correria ao lucro desenfreado, há empresas que apostam na responsabilidade social e aplicam os lucros em projectos de solidariedade. O 70×7 tanto lhe mostra o trabalho de um centro paroquial em prol dos mais desfavorecidos como o trabalho da Associação Nacional de Direito ao Crédito, na ajuda à criação do próprio emprego para os excluídos do crédito comercial. Os temas saltam os muros da Igreja e o 70×7 é um programa de fronteira onde se dá a conhecer a vida e obra de alguém, onde se abordam temas como a toxicodependência, a prostituição, a imigração ilegal, o casamento e o divórcio ou o papel que cabe a todos na preservação do património ou do meio ambiente. Temas que fazem a sociedade contemporânea não deixando de lado os grandes temas que fazem a reflexão da Igreja actual: o papel da mulher na igreja, o celibato dos sacerdotes ou os avanços da genética. O eclesial, o social, o ético, o cultural tem aqui o seu espaço. O critério para algo ser retratado no 70×7 não é ser religioso mas conter em si valores humanos que extravasam as fronteiras do religioso. Os temas que se abordam mostram a Igreja ao mundo e mostram o mundo à Igreja através de uma linguagem própria de um meio de comunicação de massas onde se estabelece um diálogo com o mundo contemporâneo: da política à educação, da saúde à arte ou à ciência. Os actuais responsáveis do programa são leigos e profissionais de comunicação. Saíram das universidades com formação em áreas como a comunicação social e o jornalismo e são capazes de desmontar a linguagem teológica e eclesial e a tornar acessível a todos. São a ponte entre a doutrina da Igreja e o mundo contemporâneo retratando-o nas suas mais diversas formas. Na história da Televisão Nascimento : 21 de Outubro de 1979 às 12h30 de Domingo no Canal 1 Pioneiros: Padre António Rego e Manuel Vilas-Boas 1990/1992: Manuel Vilas-Boas sai para a TSF e o Padre António Rego para a TVI 1992: a coordenação passa a ser feita por um leigo: António Estanqueiro 2003: perante a RTP, 70×7 integra o estatuto do Programa Ecclesia e é incluído no espaço televisivo das confissões religiosas ao abrigo do Serviço Público de Televisão Produção: Logomedia Horário actual: 9h30 de Domingo, na RTP2 Imelda Monteiro FOTO: Miguel Cardoso/Terra das Ideias