50 anos de casamento no dia de Santo António

Nasceram em Castelo Branco, separaram-se durante sete anos, namoraram à janela e casaram em Lisboa

Lisboa, 12 jun 2012 (Ecclesia) – Rosa e José nasceram em Castelo Branco, separaram-se durante sete anos, reencontraram-se às portas de Lisboa, namoraram à janela e casaram-se na sé patriarcal no dia de Santo António, faz esta quarta-feira meio século.

José Monteiro, hoje com 76 anos, tinha acabado a tropa e preparava-se para iniciar trabalho no porto lisboeta, enquanto que Rosa Varão era modista na Amadora, perto da capital: “Procurei-a porque era a mulher da minha vida”, conta ao programa ECCLESIA que vai para o ar esta terça-feira, na Antena 1, a partir das 22h45.

“Namorávamos à janela”, recorda por seu lado Rosa Varão, de 72 anos, que se lembra de provar o vestido de noiva numa sala comprida, cheia de espelhos: “Foi deslumbrante. Dava-me a ideia que estava a fazer um filme. Foi tudo muito bom”.

A 13 de junho de 1962 foram 41 os pares que celebraram o sacramento do Matrimónio nos casamentos de Santo António organizados pelo jornal ‘Diário Popular’, igualmente responsável por encaminhar os noivos para as lojas que ofereciam os presentes.

A chuva não impediu os colegas de José Monteiro de gritar por ele à saída da sé, na data que era e continua a ser feriado municipal de Lisboa: “Um dia como aquele nunca tive e nunca mais terei”, sublinha.

Com uma filha, três netos e uma bisneta, Rosa e José atravessaram “alturas boas e más, como todos os casais”: “Cá nos temos aturado um ao outro, com toda a alegria e também com tristezas. Vamos andando, até que Deus queira”, diz ele.

Os casais já não são o que eram, observa Rosa: “Agora é muito diferente. Separam-se por qualquer coisa. Nós não: quando casámos era com a intenção de ser por toda a vida. Deus disse que é até à morte nos separar. O remédio é termos compreensão, amor pelos filhos e perdoarmo-nos. Não há ninguém que não erre”.

José acredita que Santo António, popularmente conhecido por abençoar namoros e casamentos, continua a estender a sua proteção à união com Rosa: “Não há dia em que não olhe para ele. Não sei por quê. Às vezes até lhe chamo padrinho”.

“A vida, hoje, está muito difícil. Mas antigamente também estava e nós ultrapassámos tudo. Desde que se queira…”, diz Rosa, que faz questão de ir à sé todos os anos para aplaudir os noivos, mesmo sabendo que a celebração é transmitida pela televisão.

Santo António, batizado Fernando Martins de Bulhões, nasceu em Lisboa no final do século XII e morreu em Pádua, atual Itália, no ano de 1231, tendo ficado conhecido pelos seus sermões e saber teológico, que lhe conferiram o título de Doutor da Igreja.

O religioso é padroeiro secundário de Portugal e principal da cidade de Lisboa, sendo também titular da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, além de a sua memória ser liturgicamente assinalada nas dioceses de Santiago (Cabo Verde) e da Guiné-Bissau.

Os programas de rádio da ECCLESIA desta semana centram-se na figura de Santo António, primeiro professor de Teologia da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), congregação a que dedicou a maior parte da sua vida.

PRE/RJM

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