40 anos da Congregação para Causas dos Santos

Cardeal José Saraiva Martins estudou mais de 1300 biografias, entre santos e beatos A Congregação para as Causas dos Santos, dicastério que surgiu da evolução da Congregação dos Ritos, nascida em 1588, está a cumprir 40 anos.

Depois do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI, dentro da reestruturação de alguns organismos da Cúria Romana, dividiu este dicastério: nasciam assim, há quatro décadas, as congregações para o Culto Divino e para a Causa dos Santos.

Paulo VI estabeleceu que a principal tarefa da Congregação para as Causas dos Santos deveria ser a de explorar, por meio de documentos, favores e milagres, a santidade daqueles candidatos à beatificação e à canonização, com a ajuda de uma comissão de especialistas, entre cientistas e historiadores.

O cardeal José Saraiva Martins, C.F.M, português, foi nomeado por João Paulo II em 1998 como prefeito desta congregação, cargo que desempenhou até o ano passado. Em diálogo com Zenit, o cardeal português confessa que entre os muitos cargos que teve dentro da Santa Sé, este foi para ele de especial importância, "porque aprendi a conhecer melhor a Igreja na sua realidade mais íntima e profunda sobre a santidade".

Durante a década em que trabalhou neste dicastério, teve de estudar 1320 biografias, entre santos e beatos, "um exército de santos", assegura.

"Os beatos e os santos são todos diferentes. São todos extremamente interessantes. Têm um ponto de vista particular, segundo sua vida e sua personalidade", disse.

Um trabalho apaixonante e ao mesmo tempo exigente: "As manhãs estavam lotadas, não havia tempo sequer para tomar um café", recorda.

Ele comenta que um dos frutos do trabalho desta congregação foi a ampliação dos processos de canonização e beatificação. Durante o pontificado de João Paulo II foram elevados aos altares mais santos e beatos que em todo o resto da história.

De 1588 a 1978, foram proclamados 808 beatos e 296 santos. João Paulo II, no entanto, aprovou 1.353 beatificações e 482 canonizações. Desta maneira, sublinha D. José Saraiva Martins "ampliou-se muitíssimo a geografia da santidade".

"A santidade não é europeia, é universal. Todos podem ser santos, seja qual for sua etnia ou posição social. Foram canonizados africanos, americanos. Por exemplo, foi canonizado o primeiro brasileiro, Frei Galvão. O Brasil é o país com maior número de católicos no mundo e não tinha nenhum santo", diz o cardeal.

Histórias que comovem

Dentro das muitas biografias que o prefeito emérito estudou, uma das que mais o comoveu foi a de Edith Stein, a filósofa judia que, aos 19 anos, recebeu o sacramento do baptismo e, aos 41, ingressou na ordem do Carmelo. Foi assassinada no campo de concentração de Auschwitz durante a 2ª Guerra Mundial. "Era uma mulher de um grande pensamento, mas com uma sensibilidade espiritual bíblico-teológica. Uma mística extraordinária" – realçou o cardeal Saraiva.

Outras figuras que impressionaram o cardeal foram as causas do Papa João XXIII, Pio de Pietrelcina, Teresa de Calcutá, Josemaría Escrivá e os esposos Marie Zélie Guérin (1831-1877) e Louis Martin (1823-1894), pais de Santa Teresinha do Menino Jesus.

"Pela primeira vez na história da Igreja, foram beatificados os pais de uma filha canonizada. E o segundo casal beatificado conjuntamente, como casal. Acompanhei este caso com muito entusiasmo", testemunha o cardeal Saraiva.

O presidente emérito da Congregação para as Causas dos Santos conta que uma vez o Papa João Paulo II lhe confessou que este era o dicastério mais significativo para a Igreja: "Se a santidade é a única coisa importante da Igreja, o dicastério que estuda a santidade é o mais belo", conclui o cardeal português.

Com Zenit

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