25 de Abril: António Matos Ferreira sublinha necessidade de «revisitar os paradigmas que modelaram a consciência comum»

Historiador apresentou novo livro sobre «permanências, ruturas e recomposições» da revolução de 1974, em debate com José Pacheco Pereira

Barreiro, 14 mai 2024 (Ecclesia) – O historiador António Matos Ferreira defendeu hoje a necessidade de um discurso sobre o 25 de Abril que promova novas leituras e reflexões sobre o seu alcance.

“Celebrar o 25 de Abril, de uma maneira crítica, é revisitar os paradigmas que modelaram a consciência comum”, referiu o investigador, na apresentação do livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, publicado no âmbito das comemorações dos 50 anos da democracia em Portugal, com coordenação científica do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) e edição da Agência ECCLESIA.

Numa sessão que decorreu esta tarde na Startup Barreiro, Matos Ferreira destacou que a nova publicação pode ser vista como “instrumento de trabalho” para vários âmbitos historiográficos, ao serviço de uma “ciência da interrogação”.

“O grande desafio não é mitificar o 25 de Abril, mas encarar todas as narrativas que sobre ele existem como a possibilidade de prosseguir uma reflexão”, observou o investigador do CEHR.

O especialista alertou para o grupo crescente de pessoas para quem a revolução é “algo muito distante”, sem memória do que é a tortura, a censura prévia, de “ter medo de estar numa reunião”.

Foto: Agência ECCLESIA/JG

A sessão contou ainda com a intervenção de José Pacheco Pereira investigador e cronista, para quem é necessário recorda a “enorme violência implícita na ditadura”, com o “medo” que a mesma provocava.

O historiador começou por destaca a “força que a liberdade tem para mudar as coisas” e o impacto do 25 de Abril na vida concreta.

“É relevante que as pessoas percebam o que é não ter liberdade”, sustentou, assinalando que 48 anos de ditadura “fazem muitos estragos”.

Quanto ao novo livro, Pacheco Pereira elogiou abordagens inéditas “do ponto de vista reflexivo, de análise dos acontecimentos, e do ponto de vista documental”.

Para o especialista, a partir do final da década de 60 do século XX, o “catolicismo progressista” ganha relevo, como novidade na história da oposição ao Estado Novo, representando uma “mudança na consciência social dos católicos”.

“É um movimento que introduz uma grande novidade, no final do regime, e o ajuda a derrubar”, insistiu, antes de aludir à “radicalização deste setor católico”.

OC

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Agência ECCLESIA

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