237 voluntários católicos passam verão em missão nas Igrejas lusófonas

Mais de vinte projectos arrancaram nos últimos dias, levando muitos jovens portugueses para longe de casa em missão de solidariedade, como revelaram as várias reportagens da Agência ECCLESIA São mais de 230 os jovens voluntários católicos que investem alguns meses da sua vida em projectos de solidariedade nas Igrejas Lusófonas de três continentes. O voluntariado missionário católico dá assim mostras de um grande fôlego, com vários movimentos de diversas regiões do país a deslocarem-se até Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. As áreas de trabalho são quase sempre as mesmas. “Vamos trabalhar nas áreas da saúde, educação e evangelização, que é a parte principal. Para isso partimos em campanhas às aldeias, contando com o apoio de congregações religiosas presentes no terreno”, explica à Agência ECCLESIA Francisco Martins, um dos 38 jovens que O grupo de Acção Social da Universidade Lusíada (ASSUL) leva até Cabo Verde até 30 de Setembro. Os integrantes destes projectos não levam muita coisa na bagagem: t-shirts, os habituais jeans, calções, chinelos e muita energia, porque o calor é muito e o grupo é de gente nova. As motivações, essas, estão na vontade de ajudar o outro e na fé de cada um. Rosário Bidarra, do grupo Diálogos – um movimento de leigos inspirados no carisma dos Missionários do Verbo Divino (SVD) – já passou 2 anos da sua vida em Angola e revela que antes da viagem há uma sensação de “ansiedade, apreensão, mas misturada com imenso entusiasmo”. Qualquer grupo que parte está empenhado em dar um testemunho de Fé e solidariedade, assegura: “a caminhada que o grupo faz ao longo do ano vai num sentido do compromisso cristão: nós vamos porque temos um papel na Igreja e somos chamados a responder. Nestes projectos a aventura chama um bocadinho, mas só partirá para África quem percorrer um caminho espiritual e de formação específica para os projectos”. Para muitos dos outros jovens com quem falámos, são os estudos a determinar os tempos da aventura missionária. “As circunstâncias de acabar a licenciatura foram preponderantes, mas a decisão é fruto de uma caminhada e de experiências em Portugal onde cresce a vontade de fazer cada vez mais coisas”, confessa Marisa Rodrgiues, que já está em Moçambique a integrar o projecto “Mãos Abertas 2003/04”, da Juventude Mariana Vicentina. A viagem é preparada ao longo de todo um ano – reuniões semanais, retiros, experiências de trabalho em Portugal e formações específicas – e se há grupos com uma experiência vasta na preparação das missões, também existem estreias. Nove jovens do grupo “Mariajuda” partiram pela primeira vez para um verão de solidariedade, que a jovem Margarida, explica à Agência ECCLESIA: “nós já pertencíamos todos a um movimento católico, o de Schönstatt, e o nosso percurso na Fé criou esta vontade de dar frutos concretos junto dos mais desfavorecidos, pelo que quando surgiu o convite aceitámos logo”. Há também histórias curiosas em torno destas viagens, como é o do projecto “Uma semente em Cabo Verde” fruto da geminação entre a paróquia da Apúlia, na Diocese de Braga, e a de São Tiago em Cabo Verde, que faz levantar voo a 17 jovens do grupo “A semente”. O orçamento para esta missão ultrapassa os 15.000 Euros, na sua grande parte suportados pela comunidade paroquial da Apúlia. Uma novidade em 2003 é a presença de um grupo de dez seminaristas diocesanos do Seminário Maior de Cristo Rei, no Patriarcado de Lisboa, que decidiram este ano optar por uma viagem de finalistas muito diferente: vão rumar até à Guiné-Bissau para, até meados de Setembro, desempenharem uma missão na área da evangelização. “Surgiu numa conversa entre nós a hipótese de, em vez de fazermos uma viagem de turismo, concluirmos o nosso curso com uma missão em África. Como no ano passado foi ordenado um colega guineense a ideia concretizou-se desta maneira”, explicou à Agência ECCLESIA o Paulo Serra. A organização da Igreja Católica de língua portuguesa que coordena estas iniciativas, a Fundação Evangelização e Culturas, considera que a colaboração destes voluntários embora limitada no tempo é um “desafio a sair de si mesmo”. Todos os jovens, de facto, foram unânimes em considerar que as semanas que irão passar em missão serão um tempo marcante; aqueles que já fizeram esta experiência dizem mesmo que o “bichinho” nunca mais desaparece.

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