2023: «Vamos ter um ano ainda mais duro», antecipa diretora-geral da Comunidade Vida e Paz

Renata Alves alerta para as «dificuldades» financeiras da instituição e afirma que têm faltado os apoios públicos e diminuíram «donativos em género e monetários»

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 15 dez 2022 (Ecclesia) – A diretora-geral da Comunidade Vida e Paz disse que a instituição “está a atravessar dificuldades muito grandes ao nível financeiro” e considera que 2023 vai ser um “ano ainda mais duro”.

“É preocupante, porque estamos a pensar que serviços é que vamos ter de fechar, que respostas teremos de encerrar para garantir que a Comunidade mantenha a sua atividade e consiga concretizar e manter a sua missão mas na verdade não vamos conseguir cobrir todas as áreas que temos tido”, disse Renata Alves, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo a diretora-geral da Comunidade Vida e Paz (CVP) tem faltado o apoio púbico, “a falta de atualização das comparticipações, sobretudo ao nível do Ministério da Saúde”, e também da sociedade, onde registam uma “diminuição de donativos em géneros e monetários”.

“No Natal pode haver maior abundância mas precisamos ao longo de todos os meses do ano. Nós todos os dias vamos à rua, mesmo durante a pandemia não houve nenhum dia que tivéssemos deixado de ir ao encontro das pessoas”, realçou.

A instituição do Patriarcado de Lisboa vai realizar a sua Festa de Natal para as pessoas em situação de sem-abrigo e de fragilidade social, entre sexta-feira e domingo, de 16 a 19 de dezembro, na Cantina da Cidade Universitária de Lisboa.

Renata Alves assinala que a CVP esta festa de Natal “acaba por ser o momento de grande mediatismo” mas alerta que “as necessidades são em todo o ano, não apenas na altura do Natal”.

“Mais de 800 pessoas dependem de nós diariamente: Falamos não apenas das pessoas que estão em situação de sem-abrigo ou em situação de vulnerabilidade, mas sobretudo as pessoas que estão connosco a serem reabilitadas ou já se encontram em respostas de reinserção, e são muitas também. Esse trabalho, a intervenção propriamente dita não é muito conhecido, o que nos entristece”, desenvolveu.

Do ano que está a terminar, segundo a entrevistada, “pelo menos meio ano bastante diferente e duro”, por isso antecipam um ano de 2023 “ainda mais duro”, e temem um cenário de pressão social-económica possa levar mais pessoas para a rua, são despejadas porque “não conseguem pagar rendas, as prestações”, por causa do desemprego, da doença mental, e os emigrantes.

“Tudo indica que com o aumento do custo de vida venhamos a assistir a uma situação muito difícil, e um grande aumento de pessoas que necessitem de ser ajudadas”, salienta, na entrevista que pode ser ouvida no Programa ECCLESIA na Antena1 da rádio pública, na manhã deste domingo, dia 18.

A diretora-geral da CVP partilha que também a instituição católica aumentou “muito a atuação nestes últimos anos”, para dar resposta às pessoas que estavam em situação de sem-abrigo: “Aumentamos muito os encargos nos custos com pessoal e é preocupante como é que os vamos manter, numa altura em que a nossa missão é mais importante, é determinante porque as pessoas precisam de nós”.

A Instituição Particular de Solidariedade Social, com personalidade jurídica e civil, sem fins lucrativos, tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, é conhecida por “distribuir refeições/alimentos na rua” mas a ceia diária é uma forma de chegar às pessoas que estão em situação de sem-abrigo porque o objetivo é investir “na relação” com estas pessoas para, em conjunto, “desenhar um projeto para que possam sair da situação em que se encontram”.

A Comunidade Vida e Paz é um “projeto integrado desde a rua à rua”, assenta a sua atividade também na reabilitação e no tratamento, “sobretudo problemas do foro aditivo” – toxicodependência e alcoolismo; têm 135 pessoas em duas comunidades terapêuticas – em Fátima e na Venda do Pinheiro, têm também duas comunidades de inserção, na Sapataria, no concelho de Sobral Monte Agraço, com capacidade para 67 pessoas, e outra na Venda do Pinheiro, para 17 pessoas, na dimensão da reinserção contam com “seis apartamentos”, e têm “um programa de pós-tratamento, de pós-reabilitação”.

OC/CB

 

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