2020: Presidente da Cáritas Portuguesa pede «pacto de regime» para acabar com pobreza e sublinha «esperança ativa» proposta por Marcelo Rebelo de Sousa

«A ideologia não mata desigualdades, não mata a indiferença, não mata a fome, não dá saúde» – Eugénio Fonseca

Foto: Lusa. Vista da ilha do Corvo, durante visita do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa

Lisboa, 02 jan 2020 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa afirmou hoje a necessidade de “pactos de regime” para ultrapassar situações de pobreza e desigualdades apontadas pelo presidente da República, na mensagem de Ano Novo.

“A ideologia não mata desigualdades, a ideologia não mata a indiferença, não mata a fome, a ideologia não dá saúde. Gostaria de ver (que) os nossos parlamentares em situações de educação, habitação, saúde, distribuição de rendimentos, fossem capazes de dar as mãos e unir-se no fundamental, deixando partidarites que não ajudam o povo e os distanciam da vida política”, referiu Eugénio Fonseca à Agência ECCLESIA.

No primeiro dia de 2020, Marcelo Rebelo de Sousa recordou os números que indicam que “um em cada cinco portugueses” vivem situações de pobreza “ou (estão) em risco dela”, pessoas que “longe, sofrem desigualdades e abusos, por serem mulheres, por serem crianças e jovens, por serem idosos, por serem portadores de deficiência, por serem diferentes, por viverem excluídos na escola, na saúde, na comunicação”.

“Longe, porque nasceram nos «Portugais» cá dentro que menos têm, menos fixam, menos são sinal de futuro”, sublinhou o presidente da Republica.

Eugénio Fonseca comentou a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa em passar a passagem de ano na ilha do Corvo, no arquipélago dos Açores, região portuguesa com cerca de 430 habitantes, como “simbólica” e “profunda”.

“Os símbolos, por singelos que sejam, contem significados profundos. A opção de passar o ano na ilha do Corvo mostra o seu desejo para o país: um país mais inclusivo onde as fragilidades humanas sejam superadas, através da saída de cada um do nosso conforto, do lugar de bem-estar e posicionamento, até dos nossos privilégios, para colocarmos todos no centro do desenvolvimento do país”, destacou.

O presidente da Cáritas, instituição de ação social da Igreja Católica, analisa a intenção de Marcelo Rebelo de Sousa de convocar o olhar das pessoas, durante a sua “magistratura”, para o que “muitas vezes a sociedade se recusa a ver, tem receio de ver, tem suspeições sobre o que vê”.

“Foi a mensagem do início do ano e de uma nova década. Que bom seria que no início de uma nova década estivéssemos a falar de outra realidade. Isso está ao alcance do país”, enfatiza.

Eugénio Fonseca defende que “os partidos políticos, mesmo aos da oposição”, devem fazer “convergir as suas forças” para “um Portugal único e não os tais «Portugais»”, citados na mensagem de Ano Novo e convoca a uma “esperança ativa”.

“Se todos congregarmos as sinergias que temos, se não houver tanta desigualdade resultante da má distribuição dos bens, há razões para termos esperança. E há de facto: o povo português sabe ser solidário, sabe responder a causas, é um povo pacífico mas precisa ser mais reconhecido no labor do seu quotidiano, porque os baixos que aufere não dão dignidade a quem trabalha e ao trabalho que fazem”, conclui.

LS

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