15 anos de sacerdócio renovados a caminho de Santiago

A semana a caminho de Santiago de Compostela, entre os dias 6 e 12, teve um sabor diferente para o Pe. José Carlos Barroso, sacerdote que com o Pe. António Machado prestou assistência espiritual ao grupo de 18 peregrinos do Vale de São Martinho, Vila Nova de Famalicão. No dia 9, o Pe. José Carlos celebrou 15 anos de Missa Nova. Numa festa “espontânea e tão sentida”, o grupo quis partilhar com o sacerdote a alegria pela sua vocação, jantando todos juntos na noite do dia 9. A etapa desse dia encontrou descanso em Caldas de Reis. Ao longo dos 15 anos do seu sacerdócio, a sua vocação pretendeu estar ao serviço “dos mais jovens da Igreja e procurar transmitir-lhes o encanto que sinto por esta decisão”, juntando-se agora a alegria de peregrinar com todos eles. Esta caminhada foi um espelho dessa vivência. Este era um dos seus objectivos confessos quando decidiu encetar caminho rumo a Santiago de Compostela. Já conhecia alguns participantes, mas estar e viver com eles “esta experiência de fé a caminhar a Santiago de Compostela”, permite um relacionamento mais profundo. A convicção e a partilha entre os 18 elementos do grupo de peregrinos foi factor de renovação na doação da sua vida à Igreja, uma renovação profundamente sentida e partilhada, mesmo que sem palavras, com todo o grupo. Quando se procura verdadeiramente o caminho oferece descobertas pessoais. Em si, o também capelão hospitalar descobriu uma maior capacidade e disponibilidade para “aderir ao jeito de Tiago e ao projecto de Jesus Cristo”. Da caminhada com o grupo sublinha ter descoberto riquezas incomparáveis entre as pessoas “que se mostraram verdadeiros companheiros em tantas circunstâncias”. Uma caminhada que conseguiu mostrar em “tão poucos dias a generosidade de cada um”, valoriza. Como escuteiro que é, o Pe. José Carlos Barroso afirma que quando caminha procura sempre um sentido para o fazer. O sentido “obrigatório é Jesus Cristo”, indica. O seu caminho de seis dias foram tempo de reflexão sobre a importância e o valor de Jesus Cristo “que me levam até aos outros”. O caminho de Santiago, aponta, proporciona maturidade, “um crescimento que ajuda a ser mais”, acrescenta. Tendo como base a vertente espiritual do caminho, esta não foi a sua única motivação. “Vim para ver, para sentir e para percorrer culturalmente”. Centenas de pessoas ao longo dos séculos o foram fazendo também. O caminhar em grupo é valorizado pelo sacerdote, “o saber caminhar com outros dá uma riqueza que fica para toda a vida”. Ultrapassar as dificuldades em grupo “amadurece”, acrescenta. Ao longo de seis dias de caminho, o capelão hospitalar, num jeito aberto, sincero e próximo com todos conviveu, conversou e comoveu. Em troca afirma que todos eles foram sinal de “um grande amor a Jesus Cristo e à Igreja”. Apesar das suas limitações, “eles estão comprometidos e sentem-se Igreja”, factor essencial que o faz afirmar a esperança para a Igreja, para que ela seja missionária e activa, “vivendo do encanto e da alegria de ser cristão”. “Esta caminhada a Santiago vai ajudá-los a descobrir mais “na alegria da entrega uma força especial para ultrapassar limitações”, reafirmando uma confiança total no grupo. Os 121 quilómetros foram povoados de amplo convívio, de grande proximidade, mas também de profunda reflexão, intimamente relacionada com o seu trabalho enquanto capelão hospitalar. Situações delicadas, casos e pessoas reais que o acompanharam nos seis dias de caminho. Com ele caminharam também os que acompanha de perto, “muitos sabendo que iria percorrer o caminho de Santiago, quiseram fazê-lo, espiritualmente, comigo”, aponta. A experiência de proximidade, de acompanhamento, de presença no hospital de São Marcos, em Braga, caminhou com o sacerdote nos 121 quilómetros que percorreu, “momentos de silêncio no caminho onde todos eles estiveram presentes”. Num trabalho tantas vezes difícil, procurando dar conforto e sentido a quem o perdeu, o Pe. José Carlos Barroso quer agora levar a certeza de que “Jesus está connosco, independentemente das circunstâncias da vida, quero levar no regresso essa certeza e partilhá-la com todos”. A emoção do caminho estará presente no momento em que se encontrar frente à Catedral de Santiago, no quilómetro zero. A alegria será de estar perto “de alguém que foi capaz de dar a vida por Jesus Cristo”, o caminhar demorado e em decrescendo são determinantes para olhar para Santiago numa “perspectiva de fé”.

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