«Zoom in»: Conhecer três santuário na Diocese de Lamego

Santuário da Lapa, da Senhora dos Remédios e de Santa Eufémia

Os santuários são lugares ao serviço da fé, onde ecoa e se oferece o Evangelho de Cristo. Testemunhas de uma tradição de oração, de conversão, de cura da alma e também do corpo, bem como do reconhecimento de graças recebidas. Ali, onde o peregrino se junta à procissão de quantos o precederam e se integra no processo solidário de um povo crente e grato, aberto e disponível aos apelos do Senhor da história. Apesar das diferentes origens e especificidades, da história que encerram e das circunstâncias do seu desenvolvimento, cada santuário testemunha a maneira como Deus vem até nós e se integra na vida de um povo.

O tempo que aí vivemos transforma-se numa paragem consagrada. Podemos chegar como visitantes ou como peregrinos, sozinhos, em grupo ou em família, movidos pela curiosidade cultural, por um impulso espiritual ou atraídos pela história. Para todos, os santuários surgem como ocasião de pausa e de repouso interior que favorecem o acesso à fonte da vida que sacia e renova (Diretório sobre a piedade popular e a Liturgia, n.º 263).

A exemplo do que acontece noutras Igrejas locais, também a diocese de Lamego olha com atenção para os seus santuários, “memória, presença e profecia do Deus connosco” (O Santuário, Cons. Pont. Pastoral dos Migrantes e Itinerantes). Na impossibilidade de referir todos, aqui se deixam algumas palavras sobre três destes espaços eclesiais: Nossa Senhora da Lapa (Sernancelhe), Nossa Senhora dos Remédios (Lamego) e Santa Eufémia (Penedono).

 

Santuário de Nossa Senhora da Lapa

[foogallery id=”215035″]

Situado na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, diz a lenda que uma pastorinha, Joana, muda de nascença, encontrou uma imagem da Virgem escondida na fenda de um grande penedo, em 1498, que ali teria sido colocada por umas religiosas que fugiam das tropas de Almançor, nos finais do século X. A devoção e o carinho da menina pela imagem, que a mãe queria destruir, valeram-lhe o dom da fala.

A notícia do milagre rapidamente se espalhou e motivou a afluência de devotos, fazendo do lugar um destino de peregrinações e de celebração da fé.

Em 1576, a Lapa foi confiada aos Padres da Companhia de Jesus e foram eles que contribuíram decididamente para o actual Santuário da Lapa, construindo a igreja e um edifico contíguo, o “Colégio”, bem como para a expansão do culto à Senhora da Lapa por terras onde a missão dos Jesuítas decorria. Aqui ficaram até à sua expulsão, em 1759.

A devoção à Senhora da Lapa sempre motivou peregrinações e são muitas as marcas existentes nos caminhos que ainda hoje se percorrem. Anualmente concretizam-se três grandes peregrinações: no dia 10 de junho, no dia 15 de agosto e no terceiro domingo de Setembro, sendo que as duas primeiras são antecedidas de uma novena preparatória.

 

Nossa Senhora dos Remédios

[foogallery id=”215051″]

A cidade de Lamego viu nascer e crescer este belo santuário, sem dúvida o mais conhecido da nossa diocese e aquele que, certamente, mais visitantes acolhe. E se tal acontece ao longo do ano, muito mais visível se torna por alturas das festas da cidade, nos últimos dias de agosto e primeiros de setembro.

De acordo com a informação disponibilizada, este santuário começou a ser construído em 1750, para ser terminado em 1905, ocupando o monte onde existiu, desde o século XIV, uma capela dedicada a Santo Estêvão. No século XVI, esta capela ameaçava ruína e foi mandada construir uma nova igreja, pelo bispo da cidade, onde foi colocada também a imagem da Virgem com o Menino ao colo. Com o tempo, a devoção a Santo Estêvão foi decaindo e cresceu a dedicação à Virgem, destinatária das preces de quem padecia de males e necessitava de ajuda, venerada e invocada como a Senhora dos Remédios.

A grande festa anual acontece no dia 8 de Setembro, antecedida de uma novena que os devotos cumprem às primeiras horas do dia e para a qual se dirigem ainda noite.

A par do templo que se avista ao longe, merece também destaque a escadaria de acesso ao santuário, com 686 degraus, com vários patamares e muitos pormenores a que vale a pena atender e um agradável parque circundante onde a natureza se oferece reconfortante e convidativa para nos aproximarmos da Mãe.

Santa Eufémia

[foogallery id=”215061″]

Por terras de Penedono, do célebre “Magriço”, ligando as zonas do Douro e da Serra, num vasto e aprazível espaço, encontramos o santuário dedicado à virgem e mártir Sta. Eufémia.

A capela actual foi construída nos inícios do século XIX, mas já em 1758 o pároco referia a existência do culto local à imagem de Sta. Eufémia, “uma das maiores devoções que há nestas vizinhanças, por quanto em todo o circuito do ano há muita concorrência de romagem de freguesias muito distantes e remotas, aonde todo o género de males por virtude da mesma Santa se extinguem”.

A sua festa, que congrega muitos fiéis da região, realiza-se em Setembro, dia 16, antecedida de uma novena.

Resta convidar os nossos leitores a peregrinarem até estes espaços, a descobrirem estas e outras realidades que nos esperam e, sobretudo, a experienciarem a proximidade com o Senhor.

A propósito dos santuários, podemos descrever o que os olhos veem ou o que o coração sente, registar preces e graças recebidas, os grupos e as pessoas que passam, mas nunca poderemos registar as experiências espirituais dos que ali chegaram, as mudanças operadas nas vidas de quem dali partiu ou os frutos das sementes ali lançadas. Porque há registos e histórias que só Deus conhece.

Joaquim Dionísio

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR