Woody Allen, um Autor Genial

Allan Stewart Konigsberg, desde há muito conhecido como Woody Allen, é um caso único no mundo das artes. Dedicado à música com um pequeno grupo, toca habitualmente num bar perto de sua casa mas, também, em digressões pelo estrangeiro em que Portugal foi incluído por mais de uma vez. Mas foi o cinema que o colocou no primeiro plano. Actor, argumentista e realizador, com algumas intervenções na área da música, realizou até à data mais de 40 filmes. Indisposto com algumas limitações dos produtores americanos transferiu-se para Inglaterra – onde realizou três filmes – e depois para Espanha, onde levou a bom termo “Vicky Christina Barcelona”, uma obra bem diferente das anteriores mas em que se encontram as suas preocupações habituais e métodos de crítica social que sempre o caracterizaram. Como se torna cada vez mais frequente Woody Allen não surge neste filme na qualidade de actor, o que impede a total concretização do seu estilo humorístico, em que religião e sociedade se cruzam a cada momento, numa observação cáustica como os judeus são aceites, ou menos aceites, em comunidades ocidentais. Em “Vicky Christina Barcelona” segue-se apenas a linha da crítica às regras sociais dos anos mais recentes, com alguns apontamentos sobre possibilidades de poligamia e outras formas menos consentâneas com os costumes da nossa civilização, para que tudo se resolva com a condução dos acontecimentos de forma a levar a situações regidas pelo bom senso. Uma espécie de happy end em que se sente em pano de fundo o humor amargo que caracteriza Woody Allen, embora de forma menos directa ou evidente do que aquela a que este cineasta nos habituou. Aos setenta e três anos, já longe dos filmes mais significativos – “Annie Hall” (1977), “Manhattan” (1979) e tantos outros – Allen continua a ser um cineasta de muito peso, mesmo que o ambiente de Barcelona e uma pincelada de Oviedo não tenham sido, para ele, o ambiente mais favorável.

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