Encontro traz a Portugal 70 mil pessoas de 160 países, durante esta semana, tendo como temas as relações na Internet, as «fake news» e as alterações climáticas
Lisboa, 04 nov 2019 (Ecclesia) – O diretor do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve disse que a realização da Web Summit em Portugal é uma atenção às periferias e uma oportunidade para a Igreja Católica acompanhar as novas gerações.
“Portugal é um país periférico geográfica e humanamente e com a transferência de empresas tecnológicas temos muito a aprender”, afirmou o padre Miguel Neto em declarações à Agência ECCLESIA.
Para o sacerdotes investigador sobre novas tecnologias, as novas gerações estão a crescer no ambiente digital, para quem as “relações na Internet”, as “fake news” e as “alterações climáticas” são temas comuns e diários, onde a Igreja Católica se está a adaptar.
“Temos de ser a mesma pessoa quer no ambiente físico como no digital. Entre as gerações mais jovens e nas catequeses, digo mesmo, é pecado criar falsas identidades, para além de ser perigoso. Temos de cultivar a verdade e transparência nas relações”, sublinha.
Para ir ao encontro de uma geração com diferentes noções de “espaço e tempo”, o sacerdote indica a importância de “treinar, errar e tentar sempre, indo ao encontro do que é fundamental”.
“Esta é uma geração espacial e temporalmente diferente: é uma geração que não tem tempo a perder, tudo é instantâneo e o projeto de hoje pode não ser o de amanhã. A geração dos migrantes digitais tentam ainda adaptar o seu pensamento a este ambiente”, reconhece.
O padre Miguel Neto afirma que a Igreja “não está preparada” para os novos tempos digitais” mas, acredita, “vai estar”.
“Se me pergunta se a Igreja está preparada, acho que não. Se vai responder a isto, vai; se a Igreja vai subsistir a isso, vai”, sublinha.
“Neste momento ainda não está e ainda existe um choque: basta ver na formação catequética cujos catequistas, com faixa etária elevada, se orientam pelo papel e têm dificuldade na transição digital, enquanto as crianças já estão noutra fase e consideram o papel arcaico”, conta a partir da realidade que conhece na paróquia de Tavira, no Algarve.
Perante a proliferação de notícias falsas, “muitas que atingem o Papa”, a Igreja “tem um importante papel nisto” e está “cada vez mais a trabalhar para a verdade e transparência”.
Neste aspeto o padre Miguel Neto é otimista, pois considera ser mais rápido desmentir hoje uma “fake news”.
“O espaço digital tem uma vantagem em relação às fake news: hoje é mais fácil desmontar um boato. É mais rápido alimentar o boato, mas é também mais fácil desmontá-lo, porque podemos logo contrapor”, indica.
E, neste campo, considera o sacerdote algarvio, os meios de comunicação tradicionais têm sabido adaptar-se, mesmo reconhecendo ser “um trabalho interminável”.
A Web Summit foi fundada em 2010 or Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, e é considerada um dos maiores eventos de tecnologia e empreendedorismo; em seis anos, evoluiu de uma equipa de três pessoas para uma empresa de mais de 150 colaboradores.
A primeira edição da Web Summit decorrer na Irlanda e, desde 2016, Lisboa é o palco para a cimeira de inovação tecnológica, onde se vai manter até 2028.
LS/PR