Voluntariado: Comunidade Vida e Paz tem pessoas que esperam sete meses para ajudar

Dar comida e agasalhos é a primeira etapa para o objetivo de tirar os sem-abrigo da rua, sublinha presidente

Lisboa, 18 nov 2011 (Ecclesia) – A Comunidade Vida e Paz (CVP), conhecida pelas rondas noturnas de distribuição de alimentos e vestuário aos sem-abrigo de Lisboa, tem pessoas que esperam há mais de meio ano para serem voluntárias na instituição.

“Já vi pessoas zangadas com a Comunidade porque temos uma lista de espera que anda nos seis ou sete meses”, afirmou hoje à Agência ECCLESIA o presidente da organização católica, Jorge Santos, que estima entre 1800 a 2000 o número de voluntários ao serviço da CVP.

O responsável refere que passaram pela Comunidade, enquanto voluntários, “professores universitários, um líder parlamentar, advogados, embaixatrizes e gente de todas as classes sociais”, entre “[cristãos] ortodoxos, muçulmanos, agnósticos e ateus”.

“Queremos pessoas de boa vontade que se disponham a criar uma relação de afeto, confiança e amizade com o sem-abrigo, de modo a tirá-lo mais facilmente da rua”, salienta o presidente, que destaca o facto de a maior parte dos voluntários serem católicos.

A CVP realiza hoje e sábado, em Lisboa, as suas segundas jornadas, dedicadas ao tema “Voluntariado – 23 anos a criar rumo nas vidas das pessoas sem-abrigo”, iniciativa aberta esta manhã pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.

Jorge Santos salienta que a prioridade da organização “é a recuperação dos sem-abrigo, de modo a reintegrá-los na sociedade”: “Dar comer e agasalhos é um meio de aproximação, porque o objetivo é tirá-los da rua”.

“É um trabalho complicado, de muita persistência, que pode demorar anos”, explica o responsável, acrescentando que o processo começa por “criar uma relação de confiança com a pessoa sem-abrigo” e “conseguir meter na sua cabeça que pode voltar a ser uma pessoa digna”.

A instituição dispõe de duas comunidades terapêuticas com capacidade para 132 camas, com vista à recuperação dos sem-abrigo, dado que “muitos têm problemas de álcool e de droga, entre outros”, explica Jorge Santos.

O dirigente realça que o acompanhamento dos toxicodependentes não termina com o internamento: “A droga e o álcool não têm cura, e quem sofreu disso tem de ter uma cautela muito grande”.

“Além da recuperação temos de dar-lhes competências sociais”, dado que “muitos não têm relações com ninguém”, sustenta Jorge Santos, que adianta: “Se não tratamos da inserção na sociedade e da formação profissional, os antigos sem-abrigo voltam para a rua. É certo e sabido que recaem”.

A Comunidade Vida e Paz, fundada em 1989 e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que, segundo o seu presidente, recuperou e inseriu na sociedade “mais de 1700 pessoas”.

RJM

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