Vocação: Um «horizonte maior» do que a mera «decisão psicotécnica»

Responsável pela Animação Vocacional do Patriarcado de Lisboa abordou desafios da Igreja Católica neste setor

Lisboa, 21 abr 2015 (Ecclesia) – O diretor do setor de Animação Vocacional do Patriarcado de Lisboa destaca a vocação como “um dinamismo essencial da fé”, que não pode ser reduzido a uma mera decisão profissional ou afetiva.

Para o padre José Miguel Pereira, só na medida em que as pessoas conseguem “construir a vida não a partir de si mas da oferta de Deus” é que podem depois “ir percebendo que rumo, que projeto concreto assumir”.

“Falta um pouco este horizonte maior e portanto depois às vezes as coisas ficam muito reduzidas à decisão psicotécnica”, apontou o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA.

No âmbito da Semana de Oração pelas Vocações, que está a decorrer até ao próximo domingo, o também reitor do Seminário de Cristo-Rei, em Moscavide, falou sobre os desafios que a Igreja Católica hoje enfrenta para apresentar aos jovens sua proposta vocacional.

Para o padre José Miguel Pereira, a primeira etapa deve ser sempre feita “nas paróquias” e estas devem ter a capacidade de “provocar” nas “famílias”, nos pais, esta capacidade de ajudarem os mais novos a compreenderem e escutarem o chamamento de Deus.

Isso implica uma maior aposta na educação para a fé que é também uma “atitude permanente de escuta e de resposta, de decisão a partir de Deus e com Deus”.

O “suporte familiar, comunitário, da realidade eclesial” é igualmente fundamental para que “não se corra o risco de uma fé muito emotiva, sensível, que depois não tenha tradução numa conversão de vida”, salientou.

Numa sociedade onde tudo é vivido a prazo, outra dificuldade é o receio que os jovens têm em assumir um “compromisso para a vida”, como é o da vocação para o sacerdócio ou para a vida consagrada.

Também aqui o diretor do setor de Animação Vocacional do Patriarcado de Lisboa destaca a relevância de uma “experiência” na fé que ajude a ganhar esse “dinamismo” do “eterno”, de uma entrega absoluta e definitiva.

Só quem já está “diante do eterno” que é Deus é que depois pode “sem medo tomar decisões para a vida”.

“Às vezes é isso que falta, descobrir uma nova forma de estar na vida, que é viver a partir de Deus, suportado por Deus e em Deus. E então, todas as formas concretas de modo de vida assumido, serão consequência disso”, frisa o padre José Miguel Pereira.

Uma mensagem que, acrescentou o responsável católico, é tão válida para a vida sacerdotal ou religiosa como para a vida em matrimónio.

“Não basta dizer que o matrimónio é vocação e depois não oferecer ao namoro um discernimento vocacional”, alerta o sacerdote.

HM/JCP

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