Viseu: Símbolos da JMJ visitaram reclusos, numa «nova etapa para a vida deles e para a pastoral penitenciária»

«Deus não abandona todos estes homens que estão aqui e que também têm fé» – Padre João Soares

Viseu, 21 abr 2022 (Ecclesia) – Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) visitaram os reclusos do Estabelecimento Prisional de Viseu, no âmbito da peregrinação que está a decorrer na diocese viseense, mostrando que “Deus está próximo dos mais frágeis”.

“Deus não abandona todos estes homens que estão aqui e que também têm fé, que também lutam pela sua liberdade e que merecem este carinho e esta amizade de Deus”, disse o capelão do Estabelecimento Prisional de Viseu, em declarações à Agência ECCLESIA, durante a iniciativa, que decorreu esta quarta-feira.

Segundo o padre João Soares, a visita da Cruz dos jovens e do ícone de Maria ‘Salus Populi Romani’ “é o início de uma nova caminhada” e “um reabrir portas deste estabelecimento prisional, e de muitos outros no país”, que continuam encerrados por causa da pandemia de Covid-19.

“Aproveitando os símbolos das jornadas mundiais foi mostrar esta abertura de Deus, que se faz próximo e que se faz também liberdade para eles na cruz. No fundo são uma nova etapa para a vida deles e para a pastoral penitenciária aqui em Viseu”, desenvolveu o sacerdote Vicentino (Congregação da Missão).

O capelão prisional disse aos reclusos que “Deus ia fazer-lhes uma carícia”, e só na Páscoa é que revelou que iam receber a visita da Cruz e o ícone de Maria ‘Salus Populi Romani’, símbolos da JMJ enviados pelo Papa.

“Foi uma reação que não estávamos à espera, estavam emocionados, e diziam ‘realmente lembraram-se de nós’. São pessoas que muitos de nós não nos lembramos, estão fechados, isolados, e foi uma carícia de Deus vir aqui, e mostrar mais uma vez que está com eles, não os abandona mesmo nas situações mais difíceis”, acrescentou o pároco de Campo de Madalena.

O diretor do Estabelecimento Prisional de Viseu, localizado na freguesia do Campo, disse que se congratulam “sempre” com a possibilidade de a Igreja Católica “não esquecer os que estão privados da liberdade”, e foi uma “alegria para todos” quando o bispo diocesano e o capelão laçaram o desafio de receberem os símbolos da JMJ.

“Os reclusos não vão participar na jornada mas a jornada vem participar com os reclusos; Ficamos muito felizes por este carinho que têm para com os reclusos. Os reclusos também sentem este carinho e ficaram maravilhados com esta ideia. Estão muito contentes com isso”, disse José Pedreira à Agência ECCLESIA.

Segundo o responsável do estabelecimento prisional, a visita dos símbolos é fruto do trabalho que tem sido desenvolvido com a Igreja Católica, que vai “todas as semanas celebrar a Eucaristia” e com quem têm “muito boa relação”, como com todos os “outros cultos que os reclusos possam pedir”.

“Para nós este símbolo é muito importante, porque é um símbolo da juventude, um símbolo da paz: É o símbolo de todos, da paz que se procura, seja a paz interior, seja a paz através das grades”, desenvolveu.

Para o bispo de Viseu “é muito gratificante” que a peregrinação dos símbolos na diocese passe por “lugares significativos ou de periferia”, com a prisão, o hospital, ou as escolas do Ensino Superior, “onde habitualmente, não são tão visíveis”.

“É para mim motivo de alegria e de esperança. A Páscoa é precisamente isto, é levar Jesus onde ele não está ou, muitas vezes, é difícil fazermos com que ele esteja”, explicou D. António Luciano.

À Agência ECCLESIA, o responsável católico afirmou também foi “um ato de responsabilidade e de liberdade”: “Cristo morreu também para nos libertar e para nos fazer mais responsáveis nos nossos gestos e ações”.

CB/OC

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