Viseu: Quando celebramos a Fé…

A festa e a romaria ao Senhor dos caminhos

Domingo da Santíssima Trindade | oitavo Domingo da Páscoa – Rãs, paróquia de Romãs, Concelho de Sátão

O Santuário de Nosso Senhor dos Caminhos, localizado na paróquia das Romãs, concelho de Sátão, encontra-se isolado e distante da povoação das Rãs e é enquadrado por uma paisagem cheia de beleza, onde as cores da vegetação se harmonizam com as do granito.

A origem da devoção neste local está associada a um fidalgo, proprietário de uma grande quinta, que dava abrigo aos viajantes e aos peregrinos que por aqui passavam em direção ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa. Tendo o fidalgo aparecido morto, no local foi edificado pelos peregrinos um pequeno nicho, onde eram depositadas as oferendas, o qual foi posteriormente substituído por uma capela e, nos inícios do século XX, o aumento do número de fiéis, fundamentou a edificação de um templo com dimensões significativas.

A crescente afluência de fiéis ao longo do ano e durante as festividades para efetuarem as suas preces, colocarem velas e cumprirem promessas, justificaram a aposta em melhoramentos significativos no espaço envolvente, nomeadamente através da criação de zonas de lazer, de parques de estacionamento, parques de merendas (essenciais dado o seu afastamento da povoação).

No adro tem uma colunata inacabada construída em 1916, o altar para a missa campal, a fonte com águas consideradas miraculosas, a casa das confissões, a casa das esmolas onde se vendem as recordações associadas ao santuário e o queimador de velas. A devoção ao Senhor dos Caminhos é também testemunhada pelos diversos e singulares ex-votos que se encontram no interior do Santuário.

O Senhor dos Caminhos acolhe uma das maiores romarias da Diocese de Viseu, que se realiza anualmente no domingo da Santíssima Trindade, com a participação de milhares de fiéis. A festividade começa às 9h00 com a oração do terço e a confissão para os peregrinos que desejarem. Segue-se a majestosa procissão, que se impõe pela grandiosidade dos andores, puxados por tratores, que retratam a vida de Jesus desde a Anunciação até à Sua morte, com imagens de tamanho natural. Partindo da aldeia das Rãs, a procissão percorre cerca de um km até ao Santuário, onde a esperam muitos fiéis. Segue-se a missa solene, campal, em honra do Senhor dos Caminhos.

Terminadas as celebrações religiosas têm continuidade as festividades, com os devotos a saborear as merendas, aproveitando as sombras do espaço envolvente, a percorrerem as barracas da tradicional feira e a fruírem do arraial musical.

 

Festas em honra de Nossa Senhora do Castelo

8 de setembro – Mangualde

A ermida de Nossa Senhora do Castelo eleva-se no topo do monte com o mesmo nome, oferecendo aos visitantes uma vista soberba sobre a paisagem envolvente, onde a natureza e as áreas urbanizadas se fundem de forma cenográfica. A origem do culto à Senhora do Castelo e da romaria agregam registos de tradições e lendas, algumas associadas à presença dos mouros dos quais se resguardou a imagem da Virgem.

Em agradecimento pela importância deste lugar estratégico no período da reconquista e das guerras entre 1383-85, ao longo dos séculos, também a cidade de Viseu se empenhava de forma especial em participar com especial brilho nas festas, tendo a vereação obtido, em 1436, o privilégio de se deslocarem em besta à romaria. Posteriormente procederam à compra de um estandarte para a procissão, encomendado na Flandres.

Nas Memórias Paroquiais de 1758 o pároco registava que “Celebra-se a festa desta Senhora a 8 de Setembro com sermão e missa cantada, saindo da Igreja Matriz uma procissão ornada de muitas moças solteiras, levando à cabeça muitas ofertas de centeio, milho e trigo, linho e dinheiro, que oferecem à Senhora para aumento do seu culto e com elas se incorporam as freguesias da Mesquitela e Cunha Baixa, oferecendo cada freguesia à mesma Senhora, as suas dádivas”.

Atualmente constitui um dos principais santuários marianos da Diocese de Viseu, cujas festividades religiosas, que se integram nas festas da cidade de Mangualde, são preparadas pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia. Têm início no dia 7 de setembro, com a Procissão das Velas, que parte da capela de Nossa Senhora da Conceição, localizada no início do escadório, percorre os 168 degraus, em cujos patamares se localizam as restantes três capelas, todas de invocação mariana: Nossa Senhora da Encarnação, Nossa Senhora da Visitação e Nossa Senhora da Assunção.

O dia 8 de setembro começa com um período de confissões, seguindo-se a procissão, com o andor da imagem da Virgem, que sai da igreja da Misericórdia, percorre as principais artérias da cidade, subindo o monte até ao Santuário, onde se celebra a missa campal. No período da tarde realiza-se o encontro e convívio das famílias, que sobem ao monte com o respetivo farnel para realizar o tradicional piquenique. No período da noite decorrem vários espetáculos culturais e musicais.

Trata-se de uma romaria que continua a atrair muitos fiéis, expressiva da forte devoção à Nossa Senhora do Castelo e da fé na sua ação intercessora para alcançarem as graças.

 

Santa Eufémia

16 de setembro – Paróquia de Cepões | Viseu

A ermida de Santa Eufémia sobressai de imediato pela sua singular implantação sobre a imenso penedo de granito, denominado Laje Gorda, considerado o maior afloramento granítico da Península Ibérica, classificado como Monumento Nacional, elevando-se em relação à área envolvente, constituindo um excecional miradouro que permite contemplar a beleza da paisagem que se desenvolve entre montes e serras.
De acordo com o registo do pároco em 1758, “no dia da Santa acode a esta capella muita gente em romaje e com fogaças por as festas e devosõens particulares, e hum modo de feira de comestir e algumas tendinhas de pouca concideração, e não se paga ciza nem portaje. “

As celebrações são precedidas por um Tríduo preparatório. A festa do dia 16 de setembro tem início pelas 09h00 da manhã na igreja Matriz, dedicada a São Tiago, de onde sai a procissão para o Monte de Santa Eufémia. Todos os oragos das capelas da paróquia integram o cortejo processional, aos quais se juntam as imagens de Nossa Senhora de Fátima, a de Santa Bárbara, a do Sagrado Coração de Jesus, a de São Sebastião e a de Santa Eufémia, num total de 11 andores, puxados por tratores.

Na missa solene campal marcam presença vários sacerdotes, as irmandades, os fiéis da freguesia, a que se juntam muitos outros devotos de outras regiões, que ali ocorrem para agradecer as graças obtidas por intercessão da mártir Santa Eufémia e para lhe dirigirem as suas preces. O queimador de velas e a “capelinha” para a colocação dos ex-votos em cumprimento das promessas são expressivos do alcance do número de fiéis que procuram esta ermida na sua caminhada de fé.

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Este artigo faz parte da Edição especial da Agência ECCLESIA “Festas da nossa Terra” publicada em agosto 2022

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Agência ECCLESIA

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