D. Ilídio Leandro destaca testemunho de empreendedorismo social que a Igreja Católica é chamada a dar
Fornos de Algodres, 07 fev 2018 (Ecclesia) – A Diocese de Viseu colocou em marcha na quinta do Seminário Menor, em Fornos de Algodres, um projeto que pretende transformar um espaço desativado há vários anos num polo de produção agrícola e de criação de emprego para as populações.
D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, foi ao terreno e pôs mãos à obra, ajudando os trabalhadores na plantação de novas árvores de fruto, destaca para a Agência ECCLESIA o empenho da diocese em “valorizar” estruturas que tem estado “sem atividade” desde que os últimos alunos deixaram o Seminário Menor, há cerca de 11 anos.
Desde essa altura, recorda o responsável católico, tem-se procurado dar um destino novo aos vários espaços – “quinta, casa e Seminário” – que ali se encontram, “mas não apareceram compradores”,
Mais recentemente, decidiu-se avançar com este projeto de reconfiguração dos terrenos da quinta, de modo a que ela “possa rentabilizar-se, dar emprego e tornar-se espaço de visita, de trabalho, de cooperação”, salienta D. Ilídio Leandro, que realça o “testemunho e o sinal” de empreendedorismo social “que a Igreja Católica é chamada a dar”.
“Ainda que não haja lucro nenhum para a diocese, o facto de se dar trabalho e sustento às pessoas e suas famílias, e de se ter a quinta a rentabilizar-se aqui para a vila e concelho de Fornos de Algodres, para mim é um lucro fundamental”, frisa o bispo de Viseu.
No terreno, os trabalhos estão já numa fase bastante adiantada, com destaque para a plantação de cerca de 23 mil macieiras.
O vigário-geral da Diocese de Viseu, padre Armando Domingues, que tem acompanhado mais de perto todo este processo, admite que este projeto, ainda que “comparticipado através de um subsídio”, está a representar um esforço financeiro “significativo” para a diocese.
No entanto, o sacerdote sublinha que em primeiro lugar está “a responsabilidade social de ter uma propriedade e de não a deixar morrer ou ser invadida pelas silvas e pelo mato, como estava a acontecer”.
a partir desta mesma premissa, procura-se contribuir para uma região, neste caso “um concelho, uma vila de Fornos de Algodres que tem muito pouco emprego”.
“Transformar este espaço em pomar possibilita tudo isso, valorizar a quinta, dar emprego e até formação para as pessoas. O que neste contexto é sempre uma mais-valia para todos”, sustenta aquele responsável.
Atualmente, estão envolvidos na fase de plantação oito trabalhadores da cooperativa agrícola de Fornos de Algodres, acompanhados por um elemento da diocese e um engenheiro, e está também um grupo a receber formação através da mesma instituição.
No entanto, o nível de empregabilidade irá subir com a chegada dos momentos altos do ciclo agrícola, como “a poda, a apanha e a cura”.
“Haverá sempre alguém a trabalhar ali a tempo inteiro, com tendência para evoluir. Esta fase envolveu a preparação, também com a colocação dos sistemas de rega, de tanques, de todas as infraestruturas necessárias, e foi trabalhando quem era necessário”, explica o padre Armando Domingues.
A autarquia local, através do presidente Manuel Fonseca, já foi à quinta acompanhar os trabalhos e mostrou o seu “contentamento” pela aposta neste projeto.
A Diocese de Viseu quer dar continuidade à valorização de espaços e estruturas que perderam o seu propósito inicial, como é o caso do Seminário Menor, que acolhia alunos até ao 9.º ano; devido à escassez de vocações sacerdotais na região, esta casa de formação foi colocada à venda.
Atualmente a preparação dos futuros sacerdotes da Diocese de Viseu é feita no Seminário Interdiocesano de São José, em Braga, que reúne também alunos de outras regiões, como Guarda, Lamego, Bragança e Miranda do Douro.
JCP