Insígnias episcopais do falecido bispo de Viseu – o anel e a cruz peitoral – também podem ser visitadas na Sala «Serviço e Missão»
Viseu, 03 jan 2022 (Ecclesia) – O Departamento Diocesano dos Bens Culturais de Viseu homenageou D. Ilídio Leandro, bispo que faleceu em fevereiro de 2020, com um banco no Passeio dos Cónegos e a exposição das insígnias episcopais, no Museu de Arte Sacra.
“O banco por si devia refletir aquilo que era a personalidade do D. Ilídio Leandro, por isso, a conceção foi pensada tendo a postura perante o mundo: É um banco que no seu formato até através de duas cores diferentes da madeira desenha as iniciais do nome, o I e o L”, disse a diretora do Departamento à Agência ECCLESIA.
Fátima Eusébio explica que o novo banco é constituído por ripas de madeira colocadas em paralelo, com o significado que “todos caminham” juntos e “deve ser lado a lado”, enquanto o encosto num retângulo aberto “tem o simbolismo de pontes que se estabelecem”.
A responsável recorda que D. Ilídio Leandro estabelecia “pontes com as instituições, com as pessoas”, e isso reflete-se nesse aspeto do banco especial que “é identitário” do bispo de Viseu, que faleceu aos 69 anos de idade, a 21 de fevereiro de 2020, no Hospital de São Teotónio.
O novo banco foi colocado no Passeio dos Cónegos, no Tesouro da Catedral de Viseu – Museu de Arte Sacra, e Fátima Eusébio realça que este local tem uma “vista fantástica” para o adro da Sé, o Monte de Santa Luzia e a Praça D. Duarte.
“D. Ilídio várias vezes dizia que temos de olhar o mundo e ver qual é a nossa posição, o que podemos contribuir e o que é que as pessoas esperam da Igreja. Esta posição é nessa perspetiva de olharmos o mundo que é fruto da criação de Deus, a intervenção do homem”, desenvolveu.
Neste contexto, assinala também que esta ideia é reforçada por duas frases de D. Ilídio Leandro, gravadas no banco: “Olhar o mundo que Deus ama”; “tempo para amar as pessoas”.
“Um banco em si é um elemento que convida a estarmos, a refletirmos, a dialogarmos. E este banco tendo esta dupla posição convida a esse diálogo, a estar em silêncio e refletirmos e contemplarmos todo este espaço envolvente e este Passeio dos Cónegos é um espaço privilegiado para isso”, acrescentou.
A diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu recorda que D. Ilídio Leandro foi o “fundador” desta “estrutura autónoma”, em “janeiro de 2008”, quando existia uma Comissão de Arte Sacra, porque considerava que “era algo estratégico” a salvaguarda do património da Igreja e a sua utilização para “aproximar os fiéis de Deus e aproximar a Igreja dos fiéis”.
Neste contexto, Fátima Eusébio destaca ainda que para o anterior bispo “o conhecimento da história da diocese era fundamental até para preparar o futuro”, por isso, publicaram uma história que “foi fruto do sonho do D. Ilídio”, concretizada pelo departamento, e “é uma referência incontornável do ponto de vista da historiografia das dioceses”.
O Tesouro da Catedral de Viseu – Museu de Arte Sacra tem também em exposição as insígnias episcopais do falecido bispo de Viseu; O anel episcopal e a cruz peitoral que estão na Sala ‘Serviço e Missão’, e foram entregues pela sua família.
“É muito interessante que iconograficamente são expressivas daquilo que era o lema da sua ordenação episcopal – ‘Convosco, com Cristo, para todos’. A cruz peitoral tem o formato da cruz e incorpora uma figura de Cristo de braços abertos, que está pronto a acolher a todos, e essa universalidade é sublinhada pela presença do globo aos pés desse Cristo”, explicou Fátima Eusébio, acrescentando que esta iconografia foi “transposta para o anel, que era o elemento identitário” de D. Ilídio Leandro.
D. Ilídio Leandro foi bispo de Viseu de 2006 a 2018, quando o Papa aceitou a sua renúncia ao cargo, por motivos de saúde, a 3 de maio.
Ilídio Pinto Leandro nasceu a 4 de dezembro de 1950, em Rio de Mel, Distrito e Diocese de Viseu; terminados os estudos em Filosofia e Teologia, no Seminário Maior de Viseu, recebeu a ordenação sacerdotal a 25 de dezembro de 1973, na Catedral de Viseu.
O Papa Bento XVI nomeou-o bispo de Viseu a 10 de junho de 2006 e a ordenação episcopal decorreu a 23 de julho do mesmo ano.
CB/OC