D. António Luciano pede aos cristãos «cultura de prevenção» e «um movimento de oração»
Viseu, 25 ago 2022 (Ecclesia) – O bispo de Viseu manifestou hoje preocupação com a “seca severa e continuada e os incêndios descontrolados” em Portugal, pede aos cristãos que promovam “uma cultura de prevenção”, e que se crie na diocese “um movimento de oração”.
“Nestes tempos difíceis e de provação causados pelos incêndios, quero manifestar a minha solidariedade fraterna e presença orante junto das populações, dos bombeiros, da proteção civil e das autoridades, que incansavelmente combatem até à exaustão tão grande inimigo da natureza”, escreve D. António Luciano, na rubrica ‘Voz do Pastor’.
O bispo de Viseu assinala que o fogo provocado nas florestas e campos agrícolas, “por descuido e incúria de muitos, ou mesmo causado por mão criminosa, tem sempre uma desculpa e um sujeito responsável”.
“Têm de se responsabilizados os autores de tão grandes desgraças e devemos pensar no bem daqueles, que durante estes dias não tiveram paz, sossego e tranquilidade para combater as chamas”, acrescenta.
D. António Luciano refere que estes incêndios são “um sinal da presença do mal no mundo de hoje”, e lembra que os cristãos são “convidados a construir o bem e a vencer o mal”, que acontece na natureza e no mundo “com oração e ação”.
O responsável católico perante “os incêndios descontrolados”, e lembrando também a situação de “seca tão severa e continuada”, faz dois pedidos aos cristãos: “Primeiro, promover uma cultura de prevenção de incêndios e de cuidado pela natureza, respeitando-a e cuidando dela no seu todo”.
“Em segundo lugar, fazer surgir na diocese um movimento de oração, para pedir o fim da pandemia e a paz no mundo, o dom da chuva e o fim dos trágicos incêndios, que destroem a natureza, alteram o clima, privam as pessoas dos seus bens e prejudicam a saúde pública, pessoal e social”, explica.
Na rubrica ‘Voz do Pastor’, com o tema ‘Senhor, livrai-nos do fogo dos incêndios’, D. António Luciano refere que os “terríveis incêndios” que lavram em Portugal são “um cenário de terrorismo, de mão criminosa, de uma outra guerra que é preciso denunciar” e à qual não se pode ficar calados e indiferentes, por isso, “é preciso reagir para pôr termo a tão grande mal”.
“Numa visão teológica da fé são grandes pecados sociais, que devemos saber reparar com respostas de amor e de um bem maior para todos. Diante de tão grande mal e destruição os bombeiros, a proteção civil, as autoridades, as forças de segurança e as populações sentem-se cansadas e desgastadas pelo stress. Quem as poderá aliviar?”, desenvolveu.
O bispo de Viseu lembra os incêndios que, durante uma semana, “destruíram grande parte da floresta do parque natural da Serra da Estrela”, que é Património Mundial da Unesco, e a reunião de membros do governo com responsáveis das autarquias afetadas, salientando que “é preciso apostar na prevenção, inovação e organização das florestas”.
“Perante o cenário dos incêndios, cujas chamas reduzem a cinzas florestas inteiras, habitações e bens essenciais, fruto do trabalho e sacrifício de tantas populações, o meu coração de crente volta-se para Deus e rezo por eles. Olho para o nosso mundo e para os problemas deste mundo global: a pandemia, a guerra, a fome, a pobreza, a perseguição, os incêndios, a seca, as cheias e inundações, a instabilidade da vida das pessoas e tudo me faz voltar o coração para Deus e dizer com confiança: Senhor, tende piedade de nós.”
D. António Luciano destaca que os ensinamentos do Papa Francisco “têm insistido muito” no respeito pela criação e no equilíbrio da natureza, e cita a exortação apostólica ‘Querida Amazónia’ e a encíclica ‘Fratelli Tutti’.
CB