Cáritas Arquidiocesana de Braga promoveu encontro online sobre o tema
Braga, 28 Jan 2021 (Ecclesia) – A psicóloga Raquel Gomes disse hoje à Agência ECCLESIA que a pandemia de Covid-19 “agravou o nível de vulnerabilidade das vítimas de violência doméstica” e também de “outros públicos-alvo, mais vulneráveis noutras dimensões”.
A Cáritas Arquidiocesana de Braga, através do Centro de Informação e Acompanhamento a Vítimas de Violência Doméstica (CIAVVD), em parceria com a Escola de Direito da Universidade do Minho, realizou, esta terça-feira, uma conferência online sobre ‘Um olhar multidisciplinar sobre o fenómeno’ integrada no ciclo que decorre este ano, subordinado ao tema ‘Violência Doméstica: compreender para intervir’.
As vítimas de violência doméstica “podem ter mais dificuldade” de denunciar a situação que “estão a viver, por se encontrarem num quadro muito mais limitado e supervisionado”, realçou a coordenadora do CIAVVD.
Os dados veiculados pela Guarda Nacional Republicana (GNR) apontam “para um aumento de violência doméstica”, apesar de não ter sido “um aumento significativo face ao esperado”, salientou Raquel Gomes.
Na primeira conferência, “a perspetiva da justiça dominou as reflexões” com oradores ligados a esta área, mas as “próximas conferências vão abordar outros temas”, sendo a próxima nos finais de março e, “provavelmente, vai abordar a questão dos menores enquanto vítimas de violência doméstica”, frisou a responsável.
Em pleno século XXI, a entrevistada acentua que “é difícil entender e justificar” a violência doméstica, mas “as estatísticas são esmagadoras”.
“Há muitos casos que nunca chegam ao sistema judicial”, lamenta a coordenadora do CIAVVD.
Em Portugal, a violência doméstica tem “também características absolutamente pandémicas” porque está “muito enraizada na sociedade”.
O modelo “muito patriarcal” e “a diferenciação de poderes e do seu exercício” são algumas razões apontadas por Raquel Gomes para a violência doméstica no nosso país.
“Só com a mudança de mentalidades” a situação se altera porque “os conflitos podem ser resolvidos através de outras formas”, afirmou.
O contexto da casa “não é seguro para muitas mulheres, homens e muitas crianças”, denunciou.
Através de uma abordagem, “abrangente e transversal” ao tema da violência doméstica, o ciclo de conferências pretende contribuir para “a partilha criativa e dinâmica de conhecimento sobre a problemática da violência doméstica junto de profissionais de diversos domínios e da comunidade em geral”.
LFS/OC