Vila Real: Diocese desmente ter ocultado caso de abusos e anuncia que sacerdote foi dispensado do ministério

Situação foi comunicada ao Ministério Público de Sintra

 

Vila Real, 04 ago 2022 (Ecclesia) – A Diocese de Vila Real informou hoje, em comunicado, que o caso de suspeita de abusos envolvendo o padre Manuel Machado foi comunicado à Procuradoria-Geral da República, e, “por indicação desta”, ao Ministério Público de Sintra.

A nota, publicada online, precisa que “após ter recebido a comunicação da Comissão de Proteção de Menores da Diocese de Lisboa, a Diocese de Vila Real afastou de imediato o sacerdote das suas funções pastorais”, decisão que foi tornada pública a 25 de janeiro deste ano.

“De imediato foi iniciada uma investigação canónica, concluída com o pedido de dispensa do ministério sacerdotal, feito pelo próprio. A dispensa já foi concedida pela Santa Sé”, acrescenta o texto, assinado pelo bispo diocesano, D. António Augusto de Azevedo.

O esclarecimento surge após notícias que acusavam a diocese de ter escondido o caso da Justiça civil, publicadas esta quinta-feira.

O bispo de Vila Real reagiu a estas acusações com uma nota, “em nome da verdade, do rigor e da transparência”.

Os abusos terão acontecido há mais de 30 anos numa paróquia do Patriarcado de Lisboa.

Em janeiro, a Diocese de Vila Real anunciou e a decisão de afastar o sacerdote “de toda a atividade pastoral”, após ter recebido uma denúncia de abuso, por parte da Comissão de Proteção de Menores do Patriarcado.

Manuel José Moura Machado foi ordenado sacerdote, em Lisboa, no ano de 1985, e incardinado na Diocese de Vila Real em 2011.

O Direito Canónico determina que os crimes de abusos sexuais de menores prescrevem depois de 20 anos, contados a partir do dia em que a vítima tiver completado 18 anos de idade.

O padre Hans Zollner, membro da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores (CPTM), da Santa Sé, referiu, em entrevista à ‘Família Cristã’ e Agência ECCLESIA, que após a demissão de um sacerdote do estado clerical, as possibilidades de ação da hierarquia católica ficam limitadas.

“A Igreja ainda não pensou muito sobre isso nem investiu muito nisso, porque a sociedade também não o fez. Quando um abusador que é professor, pai de família ou treinador desportivo sai de prisão após três anos, por causa de abusos, quem toma conta deles?”, questionou o especialista.

OC

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Agência ECCLESIA

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