D. António Augusto Azevedo destacou a importância do património natural, edificado e humano desta região
Vila Real, 27 ago 2020 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real afirmou que a diocese “está atenta” à desertificação no seu território, “e com os meios que poderá dispor”, como também às pessoas que vivem em maior fragilidade, um aspeto que “não” podem “descurar”.
“A questão da fragilidade tem vários rostos e em cada região acentuações diversas. Aqui é uma região que a fragilidade pode significar gente que vive sozinha, e que se fica doente está sozinha, gente pobre; Esse é um aspeto que não podemos descurar, acentuado por esta pandemia”, disse hoje D. António Augusto Azevedo à Agência ECCLESIA.
O bispo explicou também que há aldeias mais despovoadas onde “há mais sinais indicadores de alguma solidão”, na entrevista transmitida hoje na RTP 2 sobre o centenário que a Diocese de Vila Real vai comemorar em 2022 com o tema ‘crescer com raízes’.
Segundo D. António Augusto Azevedo a fragilidade que a Igreja Católica “deve estar atenta e de algum modo cuidar” é a dos idosos, “que muitas vezes têm a família longe, os filhos e os netos”, os que vivem sós, pessoas doentes também e “indicadores de alguns focos de desemprego e famílias com carências”.
Sobre este apoio e atenção, o bispo de Vila Real assinalou que na diocese têm vários centros sociais paroquiais, muitas com valências de apoio domiciliário ou ERPIS, os lares, que “têm feito um grande esforço para se sustentar e cuidar dos idosos”, em condições muito difíceis”, com os profissionais, cuidadores e voluntários a fazer um “imensíssimo trabalho”.
“Além das IPSS, há variadíssimas Misericórdias e todas têm feito também um grande esforço para que tudo corra bem. É uma luta, não se pode baixar os braços, nem distrair”, acrescentou no contexto da pandemia Covid-19, e destacou que a Cáritas Diocesana, “mais vocacionada para outro tipo de apoios”, que também “tem sido muito solicitada e tem correspondido”.
“Nesta região mais interior ainda há, felizmente, apoios comunitários, laços solidários, ainda não há felizmente o anonimato de uma cidade, as pessoas ainda se conhecem e apoiam-se umas às outras”, acrescentou.
Neste contexto, D. António Augusto Azevedo explica que a Igreja “está atenta” à desertificação humana e “com os meios que poderá dispor”.
“O combate à desertificação nos ultrapassa imenso: Desenhar estratégias, implementar medidas efetivas diz respeito ao Estado central e ao Estado local e também à iniciativa privada. Alguma coisa tem sido feita mas é uma luta difícil”, desenvolveu.
Para o bispo de Vila Real é preciso “valorizar atividades que possam ser uteis para a região e serão uteis para o país”, por isso, não “poria a questão em termos dicotómicos litoral/interior” porque “uma boa estratégia deve ser global, e aproveitando as riquezas de cada região e sinergias”.
“Há aqui muita riqueza, além da riqueza humana, que não é suficientemente conhecida”, afirmou.
D. António Augusto Azevedo destacou a importância do património natural, edificado e humano desta região e explicou que faz parte da missão da Igreja “sensibilizar mais as pessoas para darem valor a esse património”, “à beleza da sua terra, ao que ela tem de rico, especial, de belo”, e as novas gerações “sobretudo a valorizar mais as riquezas paisagísticas”.
Uma segunda vertente é a “muita riqueza patrimonial e cultural por redescobrir” e “tem de ser valorizado, conhecido, e disponibilizado” e “o património humano, a vida concreta de muitas populações que está a desaparecer”.
LFS/CB
Igreja: Diocese de Vila Real vai celebrar 100 anos e quer «crescer com raízes» (c/vídeo)